Todos os que demonstram um interesse
mínimo pela atividade económica nacional e internacional
sabem o que é um bull market. Trata-se, nada mais, nada
menos, do que uma
expressão utilizada para
designar um mercado
financeiro que apresente
uma tendência de
valorização das cotações
da generalidade dos
ativos nele transacionados. Da mesma
forma, pode ser
utilizada a expressão Bullish para designar
essa mesma tendência.
A utilização da
palavra Bull (Touro) deve-se
ao facto de
este animal fazer
a sua investida
de baixo para
cima.
O índice norte-americano S&P 500, há
cerca de dois
meses atrás alcançou o “bull
market” mais longo da
história (à boleia do crescimento
económico nos EUA
e dos fortes resultados das empresas). É chamado
"bull market" porque é o período
mais longo de
ganhos de sempre sem
uma correcção de 20%
(a partir de
20% passamos de bull para bear
market).
Embora seja o mais longo bull market, não é o maior.
Foi em Março de 2000
que o maior índice mundial, o S&P500, avançou 417% ao
longo de 3.452 dias, muito
distante da atual
subida de 330%
desde 2009.
Apesar de em agosto/setembro
ter sido atingida
uma marca histórica, segundo dados mais recentes, parece que
a boa forma
dos mercados se está
a ressentir. Na última sexta-feira
(26/10/18), verificou-se que o S&P500 caiu mais de
10% desde o
máximo e já está em
correção. Ainda assim, este
índice continua com saldo
positivo desde o
início do ano (+1,19%).
Segundo o jornal
Negócios, “as quedas
têm ainda de se acentuar para
que acabe o bull market
que reina há
nove anos”,
mas sem dúvida
alguma que os
investidores já começam
a querer ficar
com um pé atrás.
Passando agora para a realidade do
nosso país, a bolsa
portuguesa viveu mais
uma semana de
quedas (22/10 a
26/10). Depois de
várias ameaças, o
PSI “parece ter
quebrado o decisivo
suporte na zona
dos 5.000 pontos,
matando a última
esperança dos touros
que se agarravam
a esse suporte
como boia de
salvação para manterem
vivo o sonho
do "bull market"”.
Ulisses
Pereira, do Negócios,
opina que “os
touros estão já
com as duas
patas fora do
mercado, agarrando-se apenas
pelos cornos”.
Sinceramente,
esta afirmação é
algo que me
preocupa, isto porque
o comportamento dos
mercados está intimamente
relacionado com o
estado da economia
e quando algo
não está bem
ou quando as
perspetivas não são
as melhores, os
mercados são os
primeiros a ressentir-se.
Em
Wall Street existe
uma expressão peculiar
sobre este tópico
e é a seguinte:
“Bull markets don´t die
of old age”, ou
seja, um bull market
não morre de
velhice. Sugerindo que,
para que um bull
market termine, algo
tem de acontecer.
Quando uma economia se retrai,
os lucros das empresas
seguem a tendência
e com isto descem também,
consequentemente, os preços das
ações.
É
isto sinónimo de que estamos a caminhar
para uma recessão ?
Para
responder a esta questão, os economistas estão a
analisar as “yield curves”.
A yield curve representa o spread entre taxas de juro
de obrigações do tesouro
a curto e
a longo-prazo, e o que se verifica é que esta curva está a abrandar. Se a yield curve se inverter,
ou seja, as taxas de juro
de curto-prazo ultrapassarem as taxas
de longo-prazo, é um sinal de preocupação
(a história diz-nos que sempre que a yield curve se inverte é muito
provável a ocorrência
de uma crise
[neste caso nos EUA]).
Outro
“bull market killer” são as
taxas de juro faltantes
(“missplaying interest rates”). A Reserva Federal Americana (FED) tem vindo
a aumentar as taxas de juro
desde o final
do ano de 2015 e alguns economistas defendem que se a FED for demasiado agressiva com as taxas de
juro, podemos estar perante o assassínio do bull market.
Não
podemos descartar obviamente o fenómeno “cisne negro”, ou seja,
eventos que não
conseguimos planear, choques que podem fulminar o preço
das ações e
terminar com o bull market, acontecimentos como ataques
terroristas ou a falência do Lehman Brothers.
Eu não
sei se o bull
market vai acabar
amanhã, daqui a
um mês, daqui
a um ou
vários anos. O
que sei é que
um bull market é
sinónimo de saúde económica
e por essa
razão espero que
se prolongue durante
muito tempo. Com
todos estes sintomas
já revelados e os
alertas que mencionei
anteriormente, espero
sinceramente que quer
os nossos decisores
políticos/económicos quer os decisores
das maiores economias
mundiais tomem medidas
para que possamos
desfrutar deste momento
favorável dos mercados
durante mais algum
tempo, isto porque,
um mercado em
crescimento é sinónimo de
economia em crescimento.
Tal como
no último relatório
que redigi, onde
mencionei medidas para
a contenção da
euforia em relação ao
setor imobiliário para
que o bom
momento que estamos
a viver se
possa prolongar, concluo
este relatório da mesma forma,
apelando ao bom
senso e a boas
decisões
(com o longo-prazo
em mente) para
que este bull market
possa ser o
primeiro a morrer
de velhice !
Webgrafia: ECO.PT / JORNAL DE NEGÓCIOS / CNN / INVESTOPEDIA / THE TELEGRAPH
[artigo de opinião produzido
no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do
curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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