segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Quanto é que as famílias portuguesas poupam?

O crescimento económico, a oferta de trabalho, o consumo e a política governamental são uma combinação de várias áreas da economia que definem a poupança.
A taxa de poupança das famílias portuguesas é um indicador muito importante para explicar variados desequilíbrios macroeconómicos no nosso país. Desde 1970 até à data de hoje existiram três resgastes e, através de dados estatísticos, pode-se observar que estes aconteceram após uma queda da poupança. Para além disso, logo depois dos resgastes, a poupança aumenta significativamente. Após a adesão do euro, essa situação passou a estar menos acentuada, notando-se uma estabilização, tirando o período entre 2005 e 2009.
Desde 2000 até 2015, a balança corrente em países deficitários tem sofrido várias oscilações, no entanto, países como a Irlanda, Portugal, Espanha e a Grécia obtiveram o seu ponto mínimo por volta de 2008, o que coincide com a crise financeira.
A poupança é distribuída de uma forma muito desigual nas famílias portuguesas e apenas uma pequena percentagem de famílias poupam. Pode-se afirmar que esta distribuição desigual se baseia nos rendimentos das famílias, isto porque famílias com níveis superiores de rendimento e riqueza apresentam um maior nível de poupança. Há ainda famílias que apresentam um nível de poupança negativo. Para além disso, ele apresenta uma relação com o nível de educação e o agregado familiar. Quanto maior o nível de educação, maior a poupança. Por outro lado, quanto mais elevado o número de membros do agregado familiar, menor é a taxa em questão. 
Sobre a taxa de poupança dos países euro deficitários, Espanha e a Grécia tiveram o seu mínimo por volta do ano de 2011 e a Irlanda no ano de 2009. Já Portugal foi entre o ano de 2009 e 2010. No seguimento dos dados anteriores, pode-se afirmar que a taxa de investimento dos países do euro deficitários decresceu após o ano de 2007 (tirando a Irlanda, em que fora no ano de 2006), chegando a atingirem o seu mínimo por volta do ano de 2013, sendo a Grécia o país que apresenta o valor mais baixo.
Relativamente à distribuição da poupança por escalões etários, podemos concluir que a taxa de poupança vai aumentando até atingir o seu pico entre os 45 e os 64 anos. Após esta idade, começa a decrescer, isto porque os indivíduos deixam de trabalhar e passam a ter que gastar também as poupanças anteriormente coletadas. Pode ainda constatar-se que fatores como a cultura, demografia e outros explicam os diferentes níveis de poupança dentro do país e comparando países entre si.
A taxa de poupança encontra-se relacionada negativamente com o saldo orçamental e positivamente com a taxa de juro nominal e o crescimento do PIB, no longo prazo. A taxa de juro de longo prazo na Alemanha foi diminuindo, no geral, desde 1986 até 2015. Em relação a Portugal, contando com várias oscilações, esta foi diminuindo até 2005, aumentando posteriormente, no entanto, após 2012 – onde atinge o seu máximo desde 2005 – volta a decrescer.
A tendência da queda da taxa de poupança é explicada pela facilidade na obtenção de crédito, sendo que a procura de crédito por parte das famílias foi “sustentada pelas expectativas de crescimento e pela confiança na capacidade do Estado em cumprir os compromissos assumidos”. O crédito à habitação é aquele que mais endividamento traz (80,77%), seguindo-se do crédito ao consumo (7,32%), depois o cartão de crédito (6,20%), o crédito automóvel (3,36%) e, por fim, outros créditos (2,35%). Como era de esperar, e relativamente ao crédito de habitação, a faixa etária onde mais está presente é entre os 30 e os 45 anos.
Para finalizar, é de frisar que, ao comparar os quadros da União Europeia, Portugal encontra-se numa situação desfavorável, apenas sendo mais baixa na Grécia, e em Chipre.

Francisca Nogueira da Cunha

Referências Bibliográficas:
Pordata
Banco de Portugal
Instituto Nacional de Estatística
“Poupança e Financiamento da Economia Portuguesa” de Fernando Alexandre e Luís Aguiar-Conraria
AMECO


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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