Desde
setembro de 2002 que não era observada uma taxa de desemprego tão baixa como as
de junho e julho de 2018 (6,8%). A fim de entender melhor esta constatação,
basta olharmos para, por exemplo, o ano de 2013, no qual o nosso país se
encontrava mergulhado em plena crise financeira, em que o valor desta taxa
atingiu os 17,7% nos primeiros três meses desse ano. Perante estes dados
divulgados pelo INE, somos constantemente incitados, quer a nível político quer
pelos media, a aumentar a nossa confiança na empregabilidade no nosso país e,
consequentemente, na economia portuguesa. Possíveis causas para esta redução
poderão ser o crescimento do emprego na indústria transformadora (+10,2%) entre
2013 e 2016 e o emprego no turismo, que cresceu 17,2%, se compararmos 2013 com
o segundo trimestre de 2017. Posto isto, os serviços são o setor com maior
aumento de emprego, destacando-se a área da logística, atividades de informação
e comunicação, atividades financeiras, de seguros e imobiliárias, que contribuíram
muito para aumentar os postos de trabalho.
Todavia,
há uma série de problemas associados a estes números que são “varridos para
debaixo do tapete”, os quais mereciam um destaque considerável, como a
diminuição da população ativa, 0,1% no mês de julho de 2018 em comparação com o
anterior, possivelmente causada pela idade da reforma, emigração, saída do
mercado de trabalho para voltar a estudar ou de indivíduos terem ficado
desencorajados de procurar emprego depois de não o conseguirem. Outros problemas
a somar a estes são o desemprego jovem e a precarização das relações laborais.
Será
que os jovens continuam com incerteza quanto ao seu futuro no mercado de
trabalho? A meu ver, a incerteza continua bem presente para os jovens, uma vez
que o desemprego jovem atinge ainda valores muito elevados, tendo-se registado
o valor de 18,6% em julho de 2018, e as estimativas apontam para um aumento de
0,6% em agosto de 2018. No ano de 2013, o desemprego jovem chegou a atingir
valores alarmantes: qualquer coisa como 42,1% no primeiro trimestre do ano. O
que significa o desemprego jovem? Nada mais nada menos que a “falta de futuro
para quem representa o futuro” do nosso país. Este problema existe e deve ser
relembrado. “Em janeiro, tínhamos a terceira taxa mais elevada da União
Europeia, só ultrapassados por Espanha e Itália, e estávamos muito acima da
média europeia”. As causas que são apontadas para este problema são várias,
podendo ser destacadas a desadequação entre a formação e as necessidades do
mercado e a exigência de experiência profissional a quem, por motivos óbvios,
não a possui.
Associado
a estas questões vem juntar-se a precaridade no mercado de trabalho, que afeta
em grande medida a população mais jovem, acarretando diversas dificuldades no
acesso ao crédito para comprar casa, bem como tendo implicações em decisões
como ter filhos e comprar carro. “Contratos a prazo são desemprego a
prazo”. Atualmente, quando se atinge o
tempo limite de renovação de um contrato a prazo, a empresa é posta no dilema
de contratar com um contrato permanente ou mandar a pessoa embora. Desta forma,
é urgente arranjar uma solução para suavizar este dilema que representa um
grave problema na atualidade no nosso país.
Perante
isto, embora a taxa de desemprego tenha sofrido uma redução muito positiva para
a economia portuguesa, esta veio acompanhada de um empobrecimento, de um
aumento de não assalariados, de trabalhadores independentes, de pessoas com
salários mais baixos, e os efeitos vão sentir-se.
Ana
Cláudia da Silva Pereira
Bibliografia:
·
INE (Destaque das estimativas mensais de
emprego e desemprego de agosto de 2018, publicado a 28 de setembro de 2018)
·
Jornal Público
·
Diário de Notícias
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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