Foi
publicado, recentemente, pelo INE um destaque que se refere à esperança média
de vida (EMV) dos portugueses. Este afirma que a EMV à nascença, em Portugal,
foi estimada em 80,78 anos para o total da população Registou-se um crescimento
em todas as regiões entre 2008-2010 e 2015-2017, apesar de esta apresentar
valores superiores aos nacionais nas regiões Norte, Centro e Área Metropolitana
de Lisboa. Refiro ainda que Portugal é considerado o sexto país mais
envelhecido do mundo, não só pelo facto da idade média de vida estar a aumentar
como também pela diminuição da população jovem, consequência da quebra da
natalidade visível nos últimos anos. Perante este conjunto de informações, surgem,
a meu ver, questões pertinentes: Qual o impacto sobre o setor da saúde? Afinal,
será este tempo de vida crescente de qualidade?
Maiores
de 70 anos são afetados trinta vezes mais do que pessoas até aos dezassete anos
com dores de costas. Doenças como diabetes e
hipertensão apresentam relações ainda mais díspares entre jovens e idosos.
Estes exemplos demonstram, facilmente, que à medida que a idade avança maior é a
necessidade de recorrer a serviços de saúde, sendo estes, muitas das vezes, os
mais dispendiosos. É, igualmente, conhecido que os últimos dois anos de
vida são aqueles em que mais se gasta em despesas com saúde.
Nos últimos 50 anos, as despesas com saúde cresceram mais de 2
pontos percentuais acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em todos
os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Portugal
não é exceção: a despesa corrente em cuidados de saúde em
percentagem do PIB tem apresentado valores cada vez mais elevados, sendo que no
ano 2000 apresentava uma percentagem de 8,4 e em 2015, rapidamente passou para
9,0%. Mais recentemente, em 2017, a despesa corrente em saúde aumentou 3,0% em
termos nominais. No entanto, este valor é inferior ao do ritmo de crescimento
do PIB (+4,1%)
Apesar do crescente registo da despesa neste setor, verificam-se
ainda muitas desigualdades regionais e sociais para quem tem acesso aos
cuidados de saúde. Existe uma falta de sensibilidade regional pois a maioria
dos locais que fornecem serviços de saúde estão centralizados. O que talvez
seja a causa para uma EMV maior nas regiões Norte, Centro e Área Metropolitana
de Lisboa, como supramencionado.
A nível social, no relatório de Primavera, em 2016, foi
referido pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde que os riscos de
adoecer aumentam exponencialmente com os baixos rendimentos ou nos idosos, querendo
isto dizer que os “mais pobres são os mais doentes e os mais doentes os mais
pobres“.
A adicionar ao baixo rendimento, existe também o fator da
baixa escolaridade, que agrava igualmente a possibilidade de um pior nível de
saúde. Foi indicado pelo Inquérito Nacional de Saúde, em 2014, que os
portugueses sem formação apresentavam um “risco de não serem saudáveis seis
vezes superior em comparação com as pessoas com mais educação (ensino
secundário ou mais)”.
Perante este cenário, concluo que uma população com melhores
níveis de educação poderá ter efeitos positivos sobre o setor da saúde,
diminuindo as disparidades observáveis. Uma aposta crescente na educação
influenciará o comportamento que as pessoas adotam perante a sua própria saúde,
o que possibilitará uma diminuição das despesas no futuro. Trata-se de uma aposta
na consciencialização de toda a população com o intuito de consolidar uma série
de conhecimentos que atualmente apenas chegam a uma percentagem da população. É,
igualmente, evidente que existe a necessidade de expandir a rede de acesso à
saúde a nível regional. Apenas dessa forma a população poderá ter um acesso
geográfico equitativo a instalações de saúde.
Em relação à despesa corrente privada e pública, entre 2015 e
2017, a pública cresceu mais do que a privada, o que reforça a sua importância
visível no financiamento do sistema de saúde português. Apresenta valores de
66,2% em 2015, 66,4% em 2016 e 66,6% em 2017.
Para concluir, acrescento uma opinião referente à idade da
reforma, pois sinto que o setor da saúde irá funcionar mais eficazmente e,
efetivamente, melhorar a qualidade de vida das pessoas à medida que o tempo
passa. Penso que não deveria existir uma idade fixa para entrar na reforma uma
vez que existem pessoas que ainda se sentem capazes de continuar o seu trabalho
após a mesma, a par que outras não sentem a mesmo, ainda que não a tenham
atingido. É necessário reformular qual o momento ideal para um indivíduo entrar
na reforma pois este depende de quais as suas limitações físicas e mentais, e
até mesmo do tipo de emprego que pratica.
Margarida Natal Mendes
Bibliografia:
INE
“Envelhecimento e Políticas de Saúde”, de Teresa Rodrigues.
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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