De acordo com os dados revelados
recentemente pelo Eurostat, Portugal está
entre os países europeus que registaram um maior recuo homólogo na taxa de
desemprego: de 8,8% em agosto de 2017 para 6,8% em agosto de 2018. No contexto
europeu, o desemprego também diminuiu para 6,8%, face aos 7,5% verificados
em agosto de 2017.
Felizmente,
Portugal parece estar no caminho certo para a recuperação dos tempos da crise e
os partidos apoiantes do governo não deixam de exibir o gráfico da taxa de
desemprego, que mostra valores a tocar os mínimos de 2002, de modo a mostrar
que tiraram o país da austeridade e da depressão. No entanto, o que ninguém
quer mostrar e discutir é o desemprego jovem em Portugal, que continua a ser
uma das maiores falhas do sistema português.
Apesar da taxa de desemprego jovem
ter registado uma variação homóloga favorável para Portugal, nomeadamente de
24,7% em agosto de 2017 para 19,5% em agosto deste ano, o desemprego jovem do
mercado de trabalho português continua a ser um dos mais elevados da União
Europeia, ultrapassado apenas pela França, Espanha, Itália, Grécia e Croácia.
As causas deste mal crónico são
várias. A concorrência de países produtores de bens a baixo custo, ou seja, o
aparecimento de mão de obra barata, nomeadamente na China e na Índia, têm
conduzido à deslocalização de algumas unidades industriais para esses mercados,
considerados mais atrativos - não é assim de estranhar que frequentemente se
aponte a globalização como uma das principais causas do aumento do desemprego.
A introdução de novas tecnologias, por meio da globalização, uma vez que a
utilização de máquinas e procedimentos mais rápidos veio substituir a força
humana, retirando vários postos de trabalho. A inadequação entre as necessidades
das empresas e o nível de habilitações dos trabalhadores, uma vez que os jovens
não possuem formação adequada para fazer face às exigências do mercado do
trabalho, que se encontra em constante evolução e transformação. Por outro
lado, nas contratações, as empresas dão enorme importância à experiência.
Contudo, os jovens que entram no mercado de trabalho, por razões óbvias,
possuem pouca ou nenhuma experiência.
Para fazer frente à grave situação
do desemprego jovem em Portugal, em 2014 foi criado o programa Garantia Jovem
(uma extensão do programa Impulso Jovem), que visava a criação de emprego e o
combate à marginalização e exclusão de jovens desempregados em Portugal. Este
plano assenta em quatro pilares: estágios profissionais (remunerados); apoios à
contratação (reembolso da Taxa Social Única); apoios ao empreendedorismo e
formação. De facto, este programa mostrou resultados positivos, como se pode
comprovar pela redução da taxa de desemprego jovem desde então. No entanto,
quando há emprego, há outro problema que subsiste: os salários baixos. Os salários
baixos praticados em Portugal, aliados ao desemprego, levam muitos jovens a
emigrar, outro problema que Portugal tem enfrentado nos últimos anos. Para
combater esta falha, o governo português anunciou que o Orçamento de Estado para 2019 terá fortes incentivos para
estimular o regresso a Portugal de quem emigrou nos “momentos dramáticos” de
2011 a 2015, Serão esde benefícios fiscais a deduções dos custos de regresso.
Na
minha opinião, apesar desta medida ser benéfica para Portugal, o Governo
português está a ter um comportamento reativo, quando deveria ser proativo.
Este, primeiramente, deveria perceber porque é que os jovens emigram e tomar
medidas de forma a evitar que tenham a necessidade de o fazer. Deste modo, em
vez de esperar pelas consequências para atuar, deverá agir de forma a evitar as
consequências. Por outro lado, deve adotar mais medidas de apoio ao desemprego
jovem, porque as existentes, embora tenham apresentado resultados positivos,
não são suficientes para colmatar este problema que afeta Portugal em tão
grande escala.
Diana Andreia
Lourenço Lopes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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