Portugal tem vindo a ter cada vez mais
destaque como local de turismo de eleição, tendo ganho duas vezes consecutivas
o melhor destino europeu nos World Travel
Awards. Desde então, por um efeito de causalidade, tem vindo a receber cada
vez mais turistas.
Turistas
em excesso são sinónimo de procura de alojamento provisório ascendente, que por
sua vez diminui a possibilidade de arrendamento a longo prazo aos locais.
Plataformas como o Airbnb vieram
alterar a nossa perspetiva de mercado imobiliário, vieram torná-lo uma parcela
instável da vida de um português, considerando que o valor de arrendamentos a
curto prazo aos "estrangeiros" se sobrepõe ao arrendamento a longo
prazo feito geralmente pelos locais. Sustentando com dados concretos, segundo o
Jornal Económico, de 2014 para o ano corrente, o registo de alojamento local
quintuplicou. Neste momento, estão registados cerca de 72500 propriedades.
Salienta-se que no ano de 2017 foram registadas quase 20 mil!
Analisando
de uma forma mais concreta cada um dos envolvidos, os turistas saem
beneficiados pela vasta oferta e preços variados. O cerne do problema centra-se
nos portugueses com baixo estatuto económico. Vejamos, então, um português com
propriedades arrendadas a pessoas locais está a preferir as ofertas mais
elevadas dos estrangeiros, visto que lhe oferecem numa semana o valor de um
mês. Considerando que Portugal é um dos países com o PIB per capita mais baixo da EU,
como poderá cobrir o investimento dos exteriores?
Lisboa tem sido o local onde muitas
famílias, como investidores, têm tornado as suas propriedades um negócio
explorando para esse feito. Segundo o "Jornal Económico" relata, 34%
das habitações é ocupada por turistas, visto que há zonas, como o Bairro Alto, onde tem dias onde há mais turistas a residir do que
moradores.
Visto
que as rendas das casas acabaram por subir de uma forma insustentável,
residentes portugueses acharam por sua vez que seria mais rentável investir
numa habitação, pois isto acabaria por ser mais compensatório. Fazendo a junção
dos residentes portugueses e dos estrangeiros a investirem em habitação, tal
fez com que a procura aumentasse, daí ter-se gerado um elevado preço das
habitações. No segundo trimestre de 2016, de acordo o "INE", a
variação homóloga correspondente é de 6,3%. Desde aí, tem havido um disparo no
preço das habitações, sendo agora 11,2%, segundo o registo mais recentes deste
ano, que é do segundo semestre de 2018.
Em
suma, não nos podemos queixar daquilo que estamos a permitir. Será que, como
outrora aconteceu na história de Portugal, estamos a dar prioridade aquilo que
é tangível e o que é facilmente trocável, o dinheiro, esquecendo assim a noção de
paixão, cultura e património? Afinal o que é nacional é bom, e pelos vistos não
é só para nós.
Hugo Rosário
[artigo de
opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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