sábado, 6 de outubro de 2018

Para onde caminhas mercado imobiliário?

            Portugal tem vindo a ter cada vez mais destaque como local de turismo de eleição, tendo ganho duas vezes consecutivas o melhor destino europeu nos World Travel Awards. Desde então, por um efeito de causalidade, tem vindo a receber cada vez mais turistas.
         Turistas em excesso são sinónimo de procura de alojamento provisório ascendente, que por sua vez diminui a possibilidade de arrendamento a longo prazo aos locais. Plataformas como o Airbnb vieram alterar a nossa perspetiva de mercado imobiliário, vieram torná-lo uma parcela instável da vida de um português, considerando que o valor de arrendamentos a curto prazo aos "estrangeiros" se sobrepõe ao arrendamento a longo prazo feito geralmente pelos locais. Sustentando com dados concretos, segundo o Jornal Económico, de 2014 para o ano corrente, o registo de alojamento local quintuplicou. Neste momento, estão registados cerca de 72500 propriedades. Salienta-se que no ano de 2017 foram registadas quase 20 mil!
         Analisando de uma forma mais concreta cada um dos envolvidos, os turistas saem beneficiados pela vasta oferta e preços variados. O cerne do problema centra-se nos portugueses com baixo estatuto económico. Vejamos, então, um português com propriedades arrendadas a pessoas locais está a preferir as ofertas mais elevadas dos estrangeiros, visto que lhe oferecem numa semana o valor de um mês. Considerando que Portugal é um dos países com o PIB per capita mais baixo da EU,  como poderá cobrir o investimento dos exteriores?
         Lisboa tem sido o local onde muitas famílias, como investidores, têm tornado as suas propriedades um negócio explorando para esse feito. Segundo o "Jornal Económico" relata, 34% das habitações é ocupada por turistas, visto que há zonas,  como o Bairro Alto, onde tem  dias onde há mais turistas a residir do que moradores.
         Visto que as rendas das casas acabaram por subir de uma forma insustentável, residentes portugueses acharam por sua vez que seria mais rentável investir numa habitação, pois isto acabaria por ser mais compensatório. Fazendo a junção dos residentes portugueses e dos estrangeiros a investirem em habitação, tal fez com que a procura aumentasse, daí ter-se gerado um elevado preço das habitações. No segundo trimestre de 2016, de acordo o "INE", a variação homóloga correspondente é de 6,3%. Desde aí, tem havido um disparo no preço das habitações, sendo agora 11,2%, segundo o registo mais recentes deste ano, que é do segundo semestre de 2018.
         Em suma, não nos podemos queixar daquilo que estamos a permitir. Será que, como outrora aconteceu na história de Portugal, estamos a dar prioridade aquilo que é tangível e o que é facilmente trocável, o dinheiro, esquecendo assim a noção de paixão, cultura e património? Afinal o que é nacional é bom, e pelos vistos não é só para nós.

Hugo Rosário

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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