sábado, 6 de outubro de 2018

Portugal dos sonhos …

“A atividade turística fechou o ano passado (2017) a bater recordes, ultrapassando pela primeira vez a fasquia dos 20 milhões de hóspedes”.
Verificamos que, nos últimos tempos, Portugal surge como uma das principais atrações turísticas mundiais, seja pela segurança de que o país é dotado, seja pela elaborada gastronomia, etc., facto é que o número de visitas ao nosso país se traduz no dobro da população residente em território nacional.
Em 2017, Portugal contou com um total de 20,6 milhões de hóspedes, o que se traduz num aumento de 8,9% face a 2016 (INE). Segundo a mesma fonte, as dormidas também aumentaram num total de 7,4% face a 2016, registando-se 57 493 000. Contudo, a estadia média diminuiu em 1,4% face a 2016, sendo em 2017 o número médio de dormidas de 2,79 noites. Estas dormidas aumentaram em todas as regiões do país, contudo, foi na região autónoma dos Açores e no Centro que este aumento se fez sentir com maior intensidade, 15,8% e 14,5%, face a 2016, respetivamente.
Como resultado do aumento no número de hóspedes, os lucros no ramo hoteleiro aumentaram, ainda que a um ritmo mais elevado do que o número de hóspedes, resultado de um aumento do preço da estadia. Assim, estes lucros ascenderam aos 3,9 mil milhões de euros, um aumento de 16,6% face a 2016. Já os proveitos do aposento aumentaram 18,3%, para um total de 2,4 mil milhões de euros, mais 1% do que em 2016.
É ainda de salientar que Portugal registou o quarto maior crescimento europeu no número de dormidas, apenas superado pela Letónia (12%), Eslovénia (11,3%) e Croácia (10,6%).
Resultado deste forte crescimento, as receitas do turismo cresceram duas vezes mais depressa do que o número de turista a visitar Portugal. Até novembro de 2017, o número de receitas provenientes do turismo ascendia aos 3,2 mil milhões de euros, o que fez com que o turismo se tornasse no segundo motor mais potente da economia portuguesa em 2017. Isto traduz-se num peso na expansão das exportações, em cerca de 28%, só ultrapassado pelas indústrias metalomecânica, automóvel e química juntas, que contribuem com 33%, segundo um estudo do ministério da Economia.
Este crescimento do turismo fez-se sentir não só no ramo hoteleiro mas também em todos os outros ramos envolventes e que servem de apoio/suporte à atividade turística. Assim, verificamos, a título de exemplo, que as empresas de aluguer de automóveis alcançaram receitas na ordem dos 700 milhões de euros em 2017, valor que representa um aumento de 45% face a 2016, sendo os britânicos os principais clientes deste tipo de empresas.
Já no decorrer deste ano (2018), verificamos que este aumento abrandou, mostrando sinais de desaceleração, sendo que ainda assim continua a crescer. Apenas se registou uma quebra no mês de Abril, resultado do efeito de calendário da Páscoa e da chuva.
Esta desaceleração também se fez sentir no número de dormidas, e foi transversal a todo o tipo de estabelecimentos. Seja nos hotéis, onde a desaceleração se exprimiu numa subida de apenas 3,9%, ou nos hotéis apartamentos, onde as dormidas estão a diminuir: de um aumento de 8,6% em 2017, verificamos uma diminuição de 3% em 2018.
No que às regiões diz respeito, esta diminuição fez-se sentir em todas com maior ou menor intensidade. Ainda assim, apenas as dormidas no Algarve e na Madeira diminuíram nos primeiros quatro meses de 2018, sendo que as restantes continuaram a aumentar, ainda que a ritmos menores.
Assim, constatámos que este crescimento no turismo é benéfico para a economia a portuguesa, quer pela alavanca que se torna no crescimento das exportações, quer pelo emprego que cria, resultando num aumento do PIB via consumo (famílias), via serviços, sejam no ramo hoteleiro, seja nos outros ramos envolventes.

Luís Filipe Costa Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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