(Negócios, 28 de agosto de 2018)
Desemprego - falta de trabalho.
Desempregado - individuo pertencente à população ativa que, embora procure, não
encontra emprego. Dois conceitos que ninguém gosta de ouvir, mesmo que
estejamos numa fase de melhoria, visto que ainda é um assunto muito sensível no
panorama nacional.
Efetivamente, a crise de 2010 que
abalou não só o nosso país como toda a Europa, teve fortes consequências
sociais e económicas, levando a que a taxa de desemprego disparasse. Se no ano
2008 esta estaria à volta dos 8%, em 2010 o cenário já era diferente, estando
próxima dos 11%. Porém, a situação só poderia piorar e, no ano 2013, atingiu os
16%. Uma taxa de desemprego muito alta, nunca antes vista e muito acima da média
Europeia, embora acompanhasse a mesma trajetória, que em 2013 teve também o seu
pior ano em termos de desemprego, registando uma taxa de 11,9%. A partir de
2013, começou a diminuir, atingindo os 8,9% em 2017.
Olhando para o lado mais jovem do
país, em 2008, a taxa de desemprego da população ativa com menos de 25 anos era
16,7. Em 2010, já se encontrava acima dos 20% e, em 2013, apresentou também o
seu pior valor com 38,1%. Em 2017, a taxa de desemprego jovem era, ainda, de
23,9%.
É certo que durante a crise da zona
euro muitos empregos foram destruídos e as notícias que mais se faziam ouvir
era de cortes nos salários e despedimentos, muitos deles, em massa. Centenas de
trabalhadores com uma certa idade já não voltaram a acreditar ser possível ter
uma carreira, entrando na reforma; por outro lado, não havia novas contratações
para que fosse possível, aos mais novos neste meio entrarem. Tudo isto levou,
certamente, a uma perda de valor do mercado. Por toda a situação envolta,
muitos foram os jovens que arriscaram e abriram os seus negócios, e houve outros
que emigraram.
Porém, o cenário começou a melhorar
através das políticas feitas pela denominada e, nunca credível (mas que nos tem
levado a alcançar resultado espetaculares), geringonça. Segundo avançou o
jornal Negócios numa das suas edições
de agosto de 2018, esta melhoria já levou à criação de meio milhão de novos
empregos, mas, num tempo muito mais lento do que o que levou a destruí-los.
Hoje, Portugal tem a sua taxa de
desemprego próxima de 6,8%, um valor que equivale a anos anteriores a 2009. O
desemprego da população entre os 15 e os 24 anos diminuiu 2,5 pontos
percentuais do primeiro para o segundo trimestre deste ano, situando-se nos
19,4%. Este valor, apesar de ser mais baixo do que os anteriores, é ainda
preocupante, pois diz-nos que um em cada cinco jovens em idade ativa continua à
procura de emprego.
No entanto, será que ao longo dos
últimos anos a taxa de desemprego não poderia ter sido mais baixa? A verdade é
que, ao longo dos últimos anos, como dito acima, muitos foram os empregos
criados. Todavia, se muitos foram criados, também muitos deles foram ocupados
por estrangeiros, uma vez que não havia oferta de mão-de-obra nacional.
Nos dias de hoje, não falta procura
de trabalhadores na indústria têxtil, o que não se encontra são pessoas
dispostas a deixar de lado a sua área de estudos e a trabalhar nesse ramo, por
exemplo. Podemos, então, ver aqui o efeito negativo dos benefícios de ter uma
formação melhor. Pode-se considerar esta situação caricata. Se, por um lado, é
ótimo para o país e para nós mesmos investir na nossa educação para que
possamos ter um estilo de vida melhor, por outro, isso leva a que haja falta de
colaboradores em trabalhos menos favorecidos. Exemplificando de uma maneira
mais prática, se de um lado não faltam professores e advogados a queixarem-se
de falta de trabalho, por outro temos imensos empresários têxteis a
queixarem-se de falta de mão-de-obra.
Infelizmente, a realidade de que um
curso superior concede um emprego bom e bem remunerado já não existe mais. Tal
era possível no tempo em que eram escassas as oportunidades de estudo e a larga
maioria da população era analfabeta e vivia do campo. Não existe mais essa
realidade. Possivelmente, não existirá nunca mais…
Portugal, um pequeno paraíso à beira
mar, está assim num bom caminho para a recuperação do seu mercado de trabalho
e, consequentemente, da sua economia, com a nova criação de empregos. Falta
agora a mudança de uma população que pensa que só quem trabalha num escritório
é digno, pois chegará a altura em que um pedreiro terá tanto ou mais valor do
que um engenheiro.
Cláudia
Sofia Amorim Rodrigues
Bibliografia:
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Jornal negócios
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Jornal de notícias
●
Jornal Publico
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PORDATA (última atualização a 03 de outubro de 2018)
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