segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A Banca Portuguesa

O sistema bancário português tem dado muito que falar. São muitos os escândalos e os holofotes sobre este setor. Milhares de pessoas têm vindo a olhar para o seu banco com desconfiança, no entanto, não são capazes de confiar num outro para depositar o seu dinheiro e também para o fazer render; muitas vezes a permanência da conta no banco é justificável pela necessidade de ter esta aberta para recebimento de salários, pagamentos de serviços/compras, fácil transferência de dinheiro entre os agentes, entre outras.
         Perante os últimos escândalos na banca portuguesa, os clientes ficam cada vez mais desagradados e começam a perder a confiança nos seus bancos. Algumas taxas abusivas, que afetam sobretudo as famílias com menores rendimentos, agravam esse descontentamento. 
         Atualmente, são cobradas diversas taxas e comissões bancárias, e a meu ver muitas delas são desnecessárias e bizarras. Quase todos os bancos nacionais cobram uma taxa por cada conjunto de cem moedas que os seus clientes queiram depositar. No caso do Santander Totta e no BBVA, esse custo chega a ser de 5,20€ por conjunto. Um documento comprovativo do valor que falta pagar de um empréstimo à habitação pode custar em média 61,08€. Um pedido de informação escrita, como por exemplo um documento que ateste que uma conta é solidária, pode vir a custar no mínimo 18,45€ (no banco Banco BiG) e, no pior dos cenários, pode ser cobrado o valor de 153,75€ (no banco BBVA). É importante referir que nenhum banco isenta este pagamento. Muitas outras taxas são cobradas, como: engano no IBAN no momento da transferência, esquecimento do PIN, pedir dinheiro no balcão, e as comissões de manutenção de conta, que são cada vez maiores. Estes são alguns exemplos de taxas e comissões, que muitas vezes as pessoas desconhecem que existem.
         Apesar de toda a crise bancária de que se têm vindo a falar, recentemente, assistiu-se à entrada de um novo banco no mercado, o Banco CTT, o que na minha opinião poderá ser um aparecimento positivo, que represente esperança.
Alguns bancos tentam angariar clientes pelo efeito da publicidade, como foi o caso do BES, agora Novo Banco, que tentou transmitir uma imagem forte e de segurança através de um anúncio da televisão, onde uma celebridade conhecida por todos era o protagonista – CR7. Este efeito da publicidade pode ter impacto nos clientes, mesmo que seja no subconsciente. Porém, o Banco CTT aposta numa imagem simples e descomplicada, e eu acho que faz sentido, dado que já é uma marca conhecida nacionalmente e portanto não precisa de se promover tanto.
Este banco transmite uma imagem robusta e sólida, baseada na sua história de quase 500 anos e na sua experiência na comercialização de produtos e serviços financeiros inaugurada pelos CTT há décadas. Consigo então destacar uma vantagem competitiva, uma vez que a marca CTT suporta o banco.
O Banco CTT tenta conquistar clientes pelo horário de atendimento alargado e sobretudo pela inexistência de comissões de manutenção de conta (que são alvo de 92,8% das queixas relativas a contas à ordem, e são cobradas por quase todos os bancos, segundo o Banco de Portugal), de comissões de transferências pelos canais digitais e de anuidades no caso dos cartões de débito. A meu ver, esta campanha de zero comissões é muito positiva para a economia, uma vez que alivia os esforços das pessoas com menos rendimentos.
Neste momento, o Banco CTT dispõe de produtos e serviços apenas para particulares, contudo pretende ultrapassar este obstáculo já no próximo ano, de modo a conseguir marcar a sua presença também do lado das empresas.
Em conclusão, penso que o Banco CTT poderá tirar vantagem desta crise neste setor, dado que sendo um novo banco não tem o peso de más decisões que foram tomadas no passado. Aliado à campanha custos zero e à marca que o suporta poderá crescer, daqui para frente e afirmar-se enquanto banco e apresentar deste modo um desempenho positivo, indo ao encontro das necessidades das pessoas.

Diogo Meneses

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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