sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Crise Migratória na Europa

A Europa sempre foi um continente de imigrantes, pois sempre atraiu pessoas que buscam melhores condições e vida. A maior parte desses migrantes vem de países do Oriente Médio, Ásia (em menor proporção) e África, que enfrentam graves problemas económicos e políticos e que buscam chegar à Europa Ocidental.
Também conhecida como crise migratória no mediterrâneo e crise dos refugiados na Europa, é como se denomina a situação crítica vivida por centenas de milhares de refugiados no passado muito recente e atual.
Para tentar organizar esse processo migratório, os países europeus desenvolveram ao longo dos anos diversas políticas migratórias. Nos períodos em que a Europa passava por alguma crie económica ou política, os países implantavam medidas restringindo a entrada de emigrantes para evitar a concorrência em termos de oportunidades de trabalho e o aumento dos problemas sociais. Nos períodos em que o desenvolvimento europeu permitiu e necessitava de uma quantidade maior de mão-de-obra, essas políticas eram mais liberais e permitiam mais a entrada de pessoas de outras regiões.
Nos últimos anos, principalmente a partir de 2011, o fluxo migratório para a Europa intensificou-se drasticamente, causando uma grande crise migratória no continente. Estima-se, de acordo com um levantamento realizado pela ONU, que apenas no ano de 2014 a Europa tenha recebido cerca de 6,7 milhões de imigrantes. Esse fluxo migratório atingiu níveis críticos ao longo de 2015, com um aumento exponencial (de centenas de milhares de pessoas) tentando entrar na Europa e solicitando asilo.
De acordo com a ONU, os mais de 15 conflitos (8 na Africa, 3 no oriente médio, 1 na Europa)são a principal razão desse fluxo. Isso ocorre porque os emigrantes, em sua maioria, são refugiados (pessoas que migram para fugir de conflitos e perseguições politicas, guerras etc.) provenientes dessas regiões de conflito.
Os países de onde mais saem imigrantes são: Síria, Afeganistão, Iraque, Líbia e Eritreia. A Síria, com uma guerra civil que já dura mais de quatro anos e que contabiliza mais de 250 mil mortos, de acordo com dados apresentados pela ONU, possui o maior grupo de refugiados do mundo. Tanto o Afeganistão quanto o Iraque vivem, desde 2001, em virtude da invasão dos Estados Unidos, uma grave crise política. Os constantes ataques de rebeldes que atingem esses países têm levado grande parte da população a migrar para outras regiões.
Como a Europa acaba de atravessar uma crise económica, os países europeus estão apresentando certa resistência a e dificuldades em aceitar os emigrantes que chegam ao seu país. Por essa razão, cresce a tensão entre os países que integram a União Europeia para a criação de leis que regulem a chegado dos emigrantes. A Grécia, por exemplo, por ser um país um país litorâneo, tem alegado que recebe muito mais refugiados do que os demais países da Europa e já esta a expulsar os emigrantes que chegam ao país de forma irregular.
Como muitos Europeus estão desempregados, existe uma preocupação de que a chegada desses migrantes aumente a concorrência a nível de oportunidades de emprego e promova o aumento dos problemas socias. Outra razão para essa resistência em receber os emigrantes diz respeito à situação de alerta que a maior parte dos países europeus vive hoje em relação ao terrorismo. Acredita-se que entre os migrantes que chegam ao país estejam integrantes do Estado Islâmico infiltrados.
Essas duas preocupações são reais, já que ambas podem acontecer no cenário atual de recuperação económico e de tensões causadas pela ascensão do Estado Islâmico. Porém, em alguns casos, essas motivações são utilizadas apenas como justificativa para a intolerância cultural e xenofobia.
O naufrágio de migrantes ocorrido em 2013 na costa da ilha de Lampedusa envolveu mais de 360 mortes, levando o governo italiano a estabelecer a Operação Mare Nostrum, uma operação naval de grande escala que envolve a busca e salvamento, com os emigrantes trazidos a bordo de um navio de assalto anfíbio naval. Em 2014, o governo italiano terminou a operação, citando o custo ser demasiado grande para um estado da União Europeia sozinho gerir. A Frontex assumiu, desde então, a principal responsabilidade das operações de busca e salvamento, ação que é denominada Tritão.
O governo italiano solicitou fundos adicionais da UE para continuar a operação, mas os Estados-Membros não oferecem o apoio solicitado. O governo do Reino Unido citou temores de que a operação atuasse como um involuntário fator de atração, incentivando mais migrantes a tentar a travessia marítima e, deste modo, levando a mais mortes trágicas e desnecessárias. O seu orçamento mensal é estimado em 2,9 milhões.
É a maior onda migratória e consequente crise humanitária enfrentada pela europa desde a Segunda guerra Mundial. Segundo o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, “é uma crise mundial que necessita de resposta Europeia”.

Valdir Kennedy Cuaia Quinene

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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