sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Abrir a porta à Turquia?

A Turquia é um país pertencente aos continentes europeu e asiático, fazendo fronteira com Grécia, Bulgária, Geórgia, Arménia, Azerbaijão, Irão, Iraque e Síria. Tem uma população de aproximadamente 76 milhões de habitantes, sendo que maioritariamente são muçulmanos, embora seja um país laico.
Desde 1963 que a Turquia é membro associado da UE. Em 1987 fez a candidatura de adesão à UE, apenas formalizada em 1999. A Turquia tem uma União Aduaneira com a UE desde 1995 mas em 2005 iniciou as negociações para a adesão plena à União.
A adesão da Turquia é um tema controverso e que gera divisão de opiniões no ceio da UE. Tal como todas as questões, tem os seus prós e contras.
A sua plataforma geopolítica é, por norma, apresentada como uma vantagem. Com a entrada da Turquia, a UE alargaria as suas fronteiras a zonas que até hoje se consideram demasiado distantes. A Europa passaria a ter um acesso mais simples ao Médio Oriente. Mas nem todos veem com bons olhos este alargamento de fronteiras. Muitos defendem que pode trazer graves problemas de segurança, facilitando a entrada de terroristas na UE. A França, Dinamarca e Alemanha têm, ainda, receio do aumento do fluxo de emigração. A possibilidade de criação de uma política de defesa é mais uma das grandes vantagens da adesão, tendo em conta que o sistema de defesa da UE é quase inexistente e a Turquia possui o segundo maior exército da NATO. Contudo, há quem questione a qualidade desse exército pois não se sabe que tipo de armas e treinamento possui.
Para os mais céticos, o facto da maioria dos habitantes ser muçulmana constitui um problema, no entanto, outros veem a adesão da Turquia como um sinal de abertura e que todas as questões religiosas estariam ultrapassadas.
Aqueles que defendem o veto da adesão da Turquia dizem que é um país demasiado pobre e atrasado relativamente aos restantes membros da UE. No entanto, o seu vasto mercado poderia servir de alavanca para as indústrias europeias, contribuindo para o crescimento económico dos restantes países da UE.
Um dos principais pontos contra a adesão da Turquia é uma questão meramente geográfica, tendo em conta que apenas cerca de 3% do território pertence ao continente Europeu. Aparte isso, sendo a Turquia um país com uma economia bastante atrasada, só poderia trazer desvantagens para a economia da UE e usufruiria da maior parte dos fundos comunitários, prejudicando pequenos países, como Portugal. Segundo um estudo da própria UE, a adesão da Turquia custaria à UE entre 19 e 27 milhões de euros por ano, ou seja, cerca de 0,17% do PIB europeu anual.
A violação dos direitos humanos é mais um dos temas que põe em causa a adesão da Turquia à UE. O facto de ainda existirem presos políticos, falta de liberdade de expressão, existência de censura e tortura e constante desrespeito pelas mulheres são dos maiores entraves à adesão turca.
Sendo o Chipre um estado-membro da UE desde 2004 e estando a Turquia a ocupar uma parte da ilha, para poder aceder à UE, a Turquia tem apenas uma opção, retirar as tropas da ilha e reconhecer a República do Chipre como estado legitimo, uma vez  que é impossível um membro não reconhecer outros dentro da União.
Existe ainda mais um senão à adesão turca: sendo a Turquia um país com elevado nível populacional e com uma população maioritariamente jovem, é de prever que a densidade populacional aumente significativamente a médio prazo, o que a tornaria, caso seja admitida como membro da UE, o maior estado-membro, ultrapassando a Alemanha. Contudo, os maiores estado-membro atuais não estão dispostos a perder a sua influência no Conselho Europeu para um novo estado.
Eu suma, concluo que sou contra a adesão da Turquia à UE por considerar ser um esforço económico e social demasiado grande relativamente aos benefícios que traria.

Beatriz Maria Sousa Marinho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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