quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Fundo Europeu para o Investimento Estratégico - Plano de Juncker

       O Fundo Europeu para o Investimento Estratégico, mais conhecido por Plano Juncker, foi desenvolvido pela União Europeia no ano passado. Tem como objetivos dar visibilidade e prestar apoio técnico aos projetos de investimento e eliminar os obstáculos a este, utilizando de forma mais inteligente os recursos financeiros novos ou existentes.
         Para a execução do plano, está prevista a mobilização de, pelo menos, 315 mil milhões de euros, que devem ser distribuídos pelos 28 estados-membros, quer estes pertençam à zona euro ou não. Este plano tem o objetivo de apoiar o investimento na economia real e criar um ambiente favorável ao investimento. Pretende-se atrair fundos privados para grandes investimentos durante três anos.
         Na minha opinião, este programa poderá ter efeitos bastante positivos na Europa, se for bem aplicado, dado que pocura inverter a tendência de queda do investimento para estimular a criação de emprego e a recuperação económica, sem aumentar a dívida pública ou sobrecarregar os orçamentos nacionais. Assim, a meu ver, será possível apoiar investimento que vise satisfazer as necessidade a longo prazo da economia, favorecendo deste modo a competitividade. Para além destes efeitos, também consigo perceber que, com uma correta aplicação do programa, será possível reforçar a interligação no mercado único e reduzir assimetrias entre os países na Europa.
         Segundo uma avaliação independente da EY, o plano está a funcionar, mas pode vir a ser melhorado, o que foi recentemente confirmado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI).
         O relatório do BEI veio a confirmar que 92 dos mais de 100 mil milhões de euros foram investidos no primeiro ano de aplicação do plano, nas 15 economias mais ricas da União. Os 13 estados-membros mais pobres, como as economias da Europa de leste, receberam apenas 8% dos fundos. Acho que esta é uma situação preocupante, dado que um dos objetivos da União Europeia passa por corrigir assimetrias e não aumentá-las.
         O setor que recebeu uma maior fatia dos fundos destinados ao desenvolvimento de infraestruturas e inovação foi o setor energético, recebendo 46% das ajudas disponíveis. Neste caso, foram países como Espanha e Itália os que mais beneficiaram, tal como o Reino Unido, que decidiu deixar a União Europeia num referendo realizado em junho deste ano, o Brexit.
         Cerca de 75 mil milhões de euros do plano destinam-se ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas. Neste caso, foram as economias francesa, alemã e italiana as que mais beneficiaram dos fundos, recebendo 54% do total disponível.
         Na minha perspetiva, concordo com a aplicação no setor energético (que tem ganho cada vez mais importância nos dias de hoje), e também acho muito importante que se aposte no desenvolvimento de pequenas e médias empresas. No entanto, acho que será importante a realização de mais investimentos em setores até agora não contemplados, que deverão passar a ser considerados elegíveis, tendo em conta as necessidades das economias da União Europeia consideradas menos desenvolvidas, pois só deste modo conseguiremos reduzir as grandes desigualdades entre os países.
         Em suma, penso que este plano tem objetivos muito importantes, porém não está a ser aplicado da melhor forma, podendo até mesmo estar a aumentar assimetrias entre os países, dado que, atualmente, está a favorecer as economias mais ricas. Deverá ser necessário criar melhores soluções para os projetos mais pequenos e promover uma monitorização eficiente que garanta que os fundos estão a ser aplicados corretamente.
        
Diogo Meneses

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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