sábado, 12 de novembro de 2016

E se todos pensassem diferente?

  Vive-se nos últimos anos uma crise de espírito na raça humana: milhões de pessoas são obrigadas a fugir pelas suas vidas para países que não têm intenções de as acolher; acontecem atentados nas grandes capitais do mundo; as pessoas têm medo de andar na rua; e a pobreza atinge milhões que não têm o mínimo de condições para viver.
  Todos estes eventos obrigam-me a imaginar um mundo melhor. Porque é que há pessoas que continuam sem ter os mínimos, e outras que têm tudo? Tal só me leva a pensar que a sociedade está mal feita. Se existem recursos no nosso planeta para toda a população, então porque é que nem toda a gente tem acesso aos mesmos?
  Vivemos numa sociedade gerida pela dívida, em que os países são obrigados a aumentar os seus PIBs à custa da redução do bem-estar da população todos os anos apenas para se manterem à tona. A verdade é que numa sociedade perfeita, todos deviam ter acesso a tudo o que o planeta tem para oferecer sem o mínimo de sofrimento.
  Pensei então numa sociedade em que todos teriam um papel a desempenhar e todas as profissões são estimadas com o mesmo valor: um homem do lixo, por exemplo, tem o mesmo valor que um médico. Imaginemos então uma civilização em que qualquer pessoa tem o direito de viajar para onde quer, comer o que quer, etc. Em troca disto, o indivíduo teria que dar o seu contributo ao trabalhar um número específico de dias por ano, e em todo o tempo restante seria livre para apreciar tudo o que a vida pode oferecer. Toda a inovação seria em prol do bem-estar, em vez de se guiar pelo lucro.
  Sendo estas as ideias principais do comunismo que, como sabemos, é um conceito testado e falhado, apercebemo-nos que este modo de vida é inatingível, uma utopia, por assim dizer. Isto porque a ganância e a ambição do homem levam desde os tempos antigos a que as sociedades caiam em decadência e que eventualmente se favoreçam as desigualdades.
 Outro factor importante para a incompatibilidade deste conceito é a religião. De facto, desde a altura em que os seres humanos se viraram para a espiritualidade para explicar fenómenos que não compreendem, que existem conflitos. Não faz sentido civilizações inteiras recorrerem a violência para defender ideais escritos num livro com 2000 anos, que não apresenta qualquer prova de que os acontecimentos realmente foram reais. Seria o mesmo que daqui a 2000 anos as pessoas acreditarem que existiu um feiticeiro chamado Harry Potter, que salvou o mundo.
  É, no entanto, importante continuar a imaginar outras formas de viver, pois, se pararmos de tentar melhorar a situação geral de vida da população, a podridão que já se instala na nossa sociedade só vai piorar. Contudo, dificilmente existirá uma coexistência semelhante à descrita em cima pois o ser humano é imperfeito e incapaz portanto de conviver numa sociedade perfeita.
  Mas, como sabemos, parar é morrer e são essenciais as iniciativas de pessoas como Bill Gates e Elon Musk (Tesla) que tentam, acima do lucro, gerar bem-estar para a população. Estas iniciativas são de respeitar e reproduzir em todo o globo. Para quê cometer os erros dos últimos 12 mil anos de vida do ser humano (desde a civilização grega) se podemos fazer as coisas de forma diferente? São necessárias pessoas com ideias e que sejam capazes de efetivamente as pôr em prática. O apoio dos governos é crucial para tal fim.
  É imperativo perceber que não é obrigatório viver a vida desta forma e ainda há tempo para alterar a mentalidade do mundo. Cabe a todos nós educar as gerações futuras de forma a incentivá-las a ser mais tolerantes e a deixar idealismos sem fundamentos de parte. A inovação só leva a uma vida melhor.

Bernardo Magalhães

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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