A Organização Internacional
do Trabalho estima que haja 73,4 milhões de jovens desempregados em todo o
mundo.
Os jovens portugueses são
dos cidadãos da União Europeia mais predispostos a emigrar para outro país em
busca de melhores oportunidades de emprego. Em média, 40% pensam deixar o país,
número apenas ultrapassado pelos eslovenos (57%) e italianos (55%), segundo o
relatório "Tendências globais no emprego jovem 2015".
Desde 2008 que 100 mil
portugueses deixam o país todos os anos. Estes jovens qualificados, ao
contrário do que acontecia com os emigrantes dos anos 60, não pensam em
regressar a Portugal só depois da reforma. Mas, com o agravamento da crise,
sentem o país a ficar mais longe. O projeto “Generation E” tentou quantificar
as intenções de regresso dos jovens emigrantes que responderam ao inquérito
(mais de 80% das respostas correspondem a indivíduos com formação superior) e
percebeu que entre eles há vontade ou, pelo menos, esperança de voltar. Mas não
agora. Dadas as circunstâncias, num futuro próximo isso não é opção.
De acordo com os dados do
Eurostat sobre as migrações nos países da UE e EFTA, Portugal, que apresentava
um saldo migratório positivo de quase 47 mil indivíduos em 2000, passou a ser,
em 2013, um dos países europeus com saldo mais negativo em termos absolutos
(-36 mil indivíduos) e relativos (-0.3% da população residente).
O início da crise, em 2007,
foi acompanhado de uma forte subida do desemprego entre os jovens, que atingiu
o máximo em 2013, quando no mundo inteiro se contavam 76,6 milhões de pessoas
entre os 15 e os 24 anos sem trabalho. Em muitos países, assim como em
Portugal, os jovens continuam a sentir os efeitos da crise e da austeridade. De
que forma? Nas dificuldades em que esbarram para encontrar um trabalho a tempo
inteiro, por exemplo. Contudo, especialistas acreditam que os dados oficiais
não contam tudo, pois há razões para crer que as estimativas oficiais pecam por
defeito.
A liberdade de circulação
que está estipulada no acordo de Schengen e a falta de registos oficiais de
saídas dificultam a monitorização do fenómeno. Estimar e caracterizar a
emigração de um país requer que se compilem os dados sobre a entrada e
permanência dos emigrantes desse país nos países de destino, destaca o Relatório
Estatístico da Emigração Portuguesa de 2014.
Muitos
jovens portugueses sentem-se melancólicos por perceberem que o país até os
educou bem, mas simplesmente não tem estrutura para os empregar. A falta de
oportunidades de emprego, transversal aos países sul-europeus, é o fator que
mais tem levado os jovens a partir.
Se muitos vão por
necessidade, outros dizem que é por opção. Para estudar, para seguir um amor ou
simplesmente sair da sua zona de conforto. Outros dizem que partiram porque já
não aguentavam os constantes escândalos de corrupção política, injustiças
sociais, queixume e abatimento geral da população.
Nestas partidas de jovens
para o estrangeiro, partem famílias inteiras, ficam famílias em partes. Em
Portugal, muitos jovens não sentem estabilidade suficiente para poder garantir
o seu futuro e, por isso, empacotam tudo, até as memórias, e decidem emigrar em
busca de uma vida melhor.
Leonel
Filipe Razão Peixoto
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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