domingo, 21 de dezembro de 2008

CORRIDA CONTRA O “TEMPO”

No período entre 1 e 12 de Dezembro deste ano teve lugar uma conferência em que participam 9000 delegados de 185 países – A Cimeira de Poznan. Este encontro (XIV Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas), na Polónia, tem como objectivo retomar as negociações internacionais para a era pós-Protocolo de Quioto, a partir de 2012. É importante notar, que um ano após o último encontro, a Cimeira de Bali, na Indonésia, quase nenhuns progressos foram feitos e, os que efectivamente se realizaram, decorreram ”a passo de caracol”. Apenas se concretizou um acordo sobre o arranque de um processo negocial, de dois anos, que terminará na Cimeira de Copenhaga, portanto, em 2009.
Após um ano, os progressos decorreram de forma demasiado morosa, não havendo ainda objectivo claros a atingir. De qualquer forma, em Poznan, lançou-se um apelo bastante ambicioso, para estar concluído no final de 2009: um acordo global com o propósito de travar as alterações climáticas.
É pois ambicioso, já que, não existe consenso entre os países, muito menos entre a própria União Europeia a 27, para além do já sabido desleixe dos maiores poluidores, a China e os EUA, que são os exemplos mais gritantes. De qualquer forma, talvez seja desta que a posição dos EUA mude radicalmente (lembremo-nos que fazem parte do lote de países que não ratificaram o Protocolo de Quioto), com agora Barack Obama na presidência.
Com a influência que deve ter, a UE-27 deve tomar e definir uma posição de liderança nas negociações e, como começo, discutiu no mesmo momento da cimeira, um Pacote Energia-Clima. Não obstante, ainda existem arestas para limar. Para a necessária postura comum, não deve haver blocos de países com posições diferentes, refiro-me por exemplo, à Polónia, Alemanha e Itália, os mais críticos. Mas sim uma discussão madura que leve a metas comuns, que acabe por dar frutos e que compila os restantes países para resultados positivos.
Mesmo assim, política é política, e em princípio, nenhum país quererá assumir uma posição definitiva, que será, na sua perspectiva, algo castradora em relação ao seu espaço negocial.
Tudo isto não se resume a uma mera discussão entre países vizinhos ou não. É algo mais importante, e sério. Trata-se de tentar alterar o rumo da história, salvar aquilo que é a base de tudo o que conhecemos. O nosso Planeta.
Sem alterações de comportamento poderão surgir ameaças graves, que arrastarão, tudo, e todos, para um provável cataclismo. Secas de uma intensidade enorme, que afectarão as grandes bacias fluviais e consequentemente a maior parte da população Mundial. Subida do nível das águas que afundarão cidades inteiras. Pandemias de doenças tropicais. E mesmo conflitos armados provocados pela escassez de recursos.
É necessário não dar azo a interesses privados e lutar, mesmo com a agravante da actual crise financeira global. O tempo urge, e deve-se agir no mais curto espaço de tempo. Os alertas estão dados.
Portugal encontra-se neste momento, no top-5 dos países europeus quanto à produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, e tem a 4ª maior empresa do mundo, made in Portugal, neste campo – a EDP Renováveis. Num futuro próximo consolidará essa posição e, esperemos, escalará mais alguns lugares, tanto a nível europeu como mundial.
Vamos dar o exemplo?

João Manuel Nunes Silva
joaonunessilva@netcabo.pt
(artigo de opinião)

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