terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Novo plano contra a crise

Como vem acontecendo na maioria das economias europeias e mundiais, o governo português, reunido em Conselho de Ministros extraordinário, apresentou e aprovou este sábado o seu plano contra a crise financeira internacional. Este plano anti-crise assenta essencialmente em três pilares: Famílias, Empresas e Investimento.
No “pilar” investimento o governo pretende, para 2009, apostar em força nas obras públicas. Assim, o governo prevê criar um grande número de postos de trabalho com o lançamento de múltiplas obras públicas em vários sectores, tentando inverter uma tendência cada vez mais negativa que é o aumento do desemprego. Nos “pilares” família e empresas este plano visa sobretudo a protecção social com a criação de linhas de crédito para empresas e a diminuição da carga fiscal para as famílias e para as empresas, estimulando assim a protecção do emprego.
Este plano foi avaliado em 2180 milhões de euros, o que corresponde a 1,25% do Pib sendo 1300 milhões de euros provenientes do orçamento de estado (0,8% do Pib) e o restante será proveniente dos cofres de Bruxelas. A meta prevista pelo governo para o défice público de 2009 será assim posta em causa passando dos 2,2% para os 3%, isto segundo as previsões do governo. Parece-me muito difícil manter o défice nos 3% até porque, se pegarmos no rácio despesa pública/PIB verificamos que as despesas do estado irão aumentar e as previsões vão para uma contracção do produto e iremos outra vez desequilibrar as contas públicas que foram e são uma das grandes bandeiras de campanha do actual governo.
Questiono-me. Será este plano capaz de evitar uma recessão da economia portuguesa ou apenas conseguirá minorar os efeitos na nossa economia de uma recessão que se prevê mundial?
As recentes previsões dizem-nos que as grandes economias europeias irão entrar em recessão profunda no ano de 2009 e como Portugal depende, e muito, dessas economias penso que este plano só irá minorar as graves consequências que uma recessão económica provoca nos agentes económicos. Ou seja, para que a nossa economia recupere é necessário que as economias dos nossos clientes recupere também e as perspectivas não são animadoras. Num mundo cada vez mais global e interdependente, não dependemos apenas de nós e este plano não depende apenas de si. Logo, se o plano espanhol, alemão, inglês, francês der certo, a possibilidade do plano nacional anti-crise dar certo e bem mais elevada.

Daniel Ricardo Guimarães Soares
o_mail_do_daniel@hotmail.com
(artigo de opinião)

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