domingo, 21 de dezembro de 2008

Uma catástrofe maior do que a que vivemos

O departamento de Oceanografia da NASA (agência espacial dos Estados Unidos) traçou recentemente um cenário preocupante para os oceanos. Foi descoberto que o nível de águas está a aumentar mais rapidamente do que era previsto em 2002. Quais serão as consequências de tal aumento? Qual será o futuro das cidades costeiras? Qual será o impacto económico desta subida dos oceanos? São algumas das questões que muitos economistas e cientistas colocam cada vez mais.

Em apenas uma década os cientistas mudaram muito a sua maneira de ver o mundo, pois começaram a olhar com receito a subida do nível médio dos oceanos. Esta subida tem repercussões enormes na economia global, pois tal subida representa um aumento do risco das cidades costeiras e dos países que se situam abaixo do nível médio dos oceanos (países baixos por exemplo) de sofrerem graves catástrofes naturais, pois embora a subida de um centímetro possa parecer pouco, tal subida representa em termos reais uma diminuição em todo o mundo de um metro da zona costeira. Ora se as melhores previsões indicam que o nível médio dos oceanos subirá entre onze centímetros e setenta e sete, então já se tem a ideia de quanto a superfície terrestre mudará. Tal mudança significa vários problemas, nomeadamente nas zonas costeiras que vivem essencialmente da pesca, do comércio, da agricultura e do turismo. Mesmo as zonas interiores também sofrerão com esta subida, visto que dependem em muito das zonas costeiras para importar e exportar.
Recentes estudos da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico) indicam que a subida do nível médio dos oceanos trará para todo o mundo um custo financeiro na ordem dos 35.000 mil milhões de dólares por ano, sendo que actualmente já representa um custo de aproximadamente de 400 mil milhões de dólares por ano. Este estudo, que se baseia na subida dos oceanos em metro e meio em 2070, só vem alertar mais uma vez para o problema financeiro que a humanidade terá que enfrentar, e que cada dia se agrava mais.
O que aconteceu em Nova Orleães em 2005 não é um acaso dos tempos, é um exemplo do que está para acontecer num futuro próximo a muitas outras cidades em risco de inundação se persistir esta inércia socioeconómica sobre a implementação de medidas de arrefecimento global.
Dentro deste estudo, também está referido que Lisboa e Porto não sofrerão tanto como outras cidades europeias, pois numa escala de zero a cem, Lisboa é classificada com risco “zero” e o Porto com risco dois sendo que Viena destaca-se pela negativa na classificação do relatório. A concentração de riscos nas grandes cidades Europeias indica a urgência de criar regras de planeamento e de defesa contra esta nova realidade mundial.
Em suma, Portugal e a Europa correm grandes riscos com esta subida do nível dos oceanos, devem por isso implementar leis e regras de planeamento urbanístico de maneira a precaver futuras transformações costeiras. O que está em jogo não é só a economia, mas também a sobrevivência de muitas vidas.

Classificação JEL: Q51
Palavras-chave: nível dos oceanos, efeitos socioeconómicos, desastres naturais.

Jorge Mariz
(artigo de opinião)

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