A Finlândia é reconhecida como o país em que os alunos têm o melhor desempenho do mundo, integrados num sistema educativo onde não há lugar a reprovações durante a escolaridade obrigatória.
No encalço desta tendência de política educativa, o Conselho Nacional de Educação (CNE), suportado por um relatório da OCDE, propôs ao Governo “o fim das reprovações até as crianças terem 12 anos”, estando em estudo a possibilidade de se alargar a medida até toda a escolaridade obrigatória.
Acredito que a substituição das reprovações por eficazes medidas de apoio resultem em sucesso em países nórdicos como a Finlândia, no entanto, isso está longe de implicar que a mesma política seja bem sucedida num país com as características, cultura e mentalidade portuguesa.
Os países do Norte da Europa têm uma cultura em que a grande maioria da população cumpre as suas obrigações perante a sociedade de forma voluntária, e as crianças são educadas tendo em conta estes princípios. Ao contrário de Portugal, na Finlândia, na Suécia, na Dinamarca e outros países nórdicos, os pais são pais, e não progenitores.
Adoptando uma medida deste género, só se está a incentivar para a inércia característica portuguesa, contribuindo simultaneamente para o manobrar do índice de insucesso escolar.
Aceito perfeitamente a tese de que o impacto sociológico de uma reprovação numa criança possa ter consequências nefastas para o seu futuro, mas este acaba por ser um mal necessário, sob pena de formarmos um país de iliteratos, incapazes e formados incompetentes, em prol do bem psicológico das “crianças”.
Outra questão foca-se nos exames nacionais. Em 2008 os resultados dos exames nacionais sofreram uma melhoria significativa. Será este o resultado de um maior nível de conhecimento dos alunos?
Não me parece. A Federação Nacional dos Sindicatos de Educação subscreve-me.
A FNE deu um parecer relativamente aos resultados dos exames em que refere que “deverá haver um maior rigor nos exames nacionais, esperando que o facilitismo não fosse a via de obtenção de simples mapas estatísticos”, alertando para “a relação entre aquilo que é hoje uma questão estatística e o que será, no futuro, a integração no mercado de trabalho destes mesmo alunos”.
Ainda a referir a questão da introdução do sucesso escolar dos alunos na avaliação dos professores no caso de esta se tornar uma realidade efectiva, pois só poderá ser vista como uma pressão descarada no sentido de aumentar o “sucesso escolar estatístico”, visto que os professores vão ser tentados a manipular as notas em seu próprio proveito.
Estas são as medidas actuais com vista a “melhoria” da educação portuguesa mas, neste preciso momento, o nível de capital humano português já é mau.
A produtividade portuguesa é a mais baixa da Europa a 15, vendo-se reduzida a cerca de metade da registada na Grécia, e a um terço da Espanha.
Em três dos cinco factores utilizados para calcular a produtividade, Portugal está ao nível dos melhores do mundo (infra-estruturas, acesso a capital e integração no comércio internacional), no entanto ao nível do capital humano e da capacidade de gestão, está em grande desvantagem.
Vá-se lá saber porquê.
Fábio Pinto
fabiohscpinto@gmail.com
Referências bibliográficas:
- Diário Económico
- Diário Notícias
- http://www.fne.pt/
(artigo de opinião)
No encalço desta tendência de política educativa, o Conselho Nacional de Educação (CNE), suportado por um relatório da OCDE, propôs ao Governo “o fim das reprovações até as crianças terem 12 anos”, estando em estudo a possibilidade de se alargar a medida até toda a escolaridade obrigatória.
Acredito que a substituição das reprovações por eficazes medidas de apoio resultem em sucesso em países nórdicos como a Finlândia, no entanto, isso está longe de implicar que a mesma política seja bem sucedida num país com as características, cultura e mentalidade portuguesa.
Os países do Norte da Europa têm uma cultura em que a grande maioria da população cumpre as suas obrigações perante a sociedade de forma voluntária, e as crianças são educadas tendo em conta estes princípios. Ao contrário de Portugal, na Finlândia, na Suécia, na Dinamarca e outros países nórdicos, os pais são pais, e não progenitores.
Adoptando uma medida deste género, só se está a incentivar para a inércia característica portuguesa, contribuindo simultaneamente para o manobrar do índice de insucesso escolar.
Aceito perfeitamente a tese de que o impacto sociológico de uma reprovação numa criança possa ter consequências nefastas para o seu futuro, mas este acaba por ser um mal necessário, sob pena de formarmos um país de iliteratos, incapazes e formados incompetentes, em prol do bem psicológico das “crianças”.
Outra questão foca-se nos exames nacionais. Em 2008 os resultados dos exames nacionais sofreram uma melhoria significativa. Será este o resultado de um maior nível de conhecimento dos alunos?
Não me parece. A Federação Nacional dos Sindicatos de Educação subscreve-me.
A FNE deu um parecer relativamente aos resultados dos exames em que refere que “deverá haver um maior rigor nos exames nacionais, esperando que o facilitismo não fosse a via de obtenção de simples mapas estatísticos”, alertando para “a relação entre aquilo que é hoje uma questão estatística e o que será, no futuro, a integração no mercado de trabalho destes mesmo alunos”.
Ainda a referir a questão da introdução do sucesso escolar dos alunos na avaliação dos professores no caso de esta se tornar uma realidade efectiva, pois só poderá ser vista como uma pressão descarada no sentido de aumentar o “sucesso escolar estatístico”, visto que os professores vão ser tentados a manipular as notas em seu próprio proveito.
Estas são as medidas actuais com vista a “melhoria” da educação portuguesa mas, neste preciso momento, o nível de capital humano português já é mau.
A produtividade portuguesa é a mais baixa da Europa a 15, vendo-se reduzida a cerca de metade da registada na Grécia, e a um terço da Espanha.
Em três dos cinco factores utilizados para calcular a produtividade, Portugal está ao nível dos melhores do mundo (infra-estruturas, acesso a capital e integração no comércio internacional), no entanto ao nível do capital humano e da capacidade de gestão, está em grande desvantagem.
Vá-se lá saber porquê.
Fábio Pinto
fabiohscpinto@gmail.com
Referências bibliográficas:
- Diário Económico
- Diário Notícias
- http://www.fne.pt/
(artigo de opinião)
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