quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Educação…

Nos últimos tempos temos vindo a assistir a um clima de grande perturbação, no que à educação nacional diz respeito. O motivo que rapidamente nos lembramos é do processo de avaliação e desempenho dos professores. Mas existem outros, como a implementação do estatuto do aluno; encerramento de escolas por todo o país; o programa “Novas Oportunidades”; a revolução informática (através da distribuição de portáteis), entre outros. No seio de tantas modificações surge uma questão: “O que é realmente importante na educação?”
O que deveria ser importante seria o nível de conhecimentos apreendidos pelos alunos e como estes conhecimentos os irão ajudar no futuro. Embora a forma como o conhecimento é transmitido seja um factor importante, não nos podemos esquecer do objectivo, que é formar cada vez mais e melhor os jovens.
O Governo encerrou imensas escolas, principalmente no interior de Portugal. As consequências destes encerramentos são claramente visíveis no desempenho dos alunos que, devido ao aumento da distância casa-escola, perdem mais tempo nas deslocações. O resultado final destas medidas é um aumento do abandono escolar ou então a desertificação do interior do país, na medida em que as famílias irão procurar nova morada mais próxima das escolas.
Quanto à avaliação dos professores, ainda não percebi por que é que a Sra. Ministra Maria de Lurdes Rodrigues não quer rever alguns dos pontos que os professores se queixam, como o excesso de burocracia. Porque o problema não está em os professores não quererem ser avaliados, mas sim no demasiado tempo que têm que despender para a avaliação em detrimento da preparação de aulas. Outro problema que ressalta é o facto de o professor que aprovar mais alunos terá uma melhor nota. Na minha carreira de estudante os professores com os quais aprendi mais foi com aqueles que eram mais exigente, e cujas disciplinas não obtive classificações exorbitantes, o que me leva a pensar que os professores irão facilitar a aprovação dos seus alunos (note-se que não estou a duvidar da lealdade dos professores, mas nenhum ser humano tem uma atitude sabendo que sairá prejudicado com a mesma).
No que concerne ao programa “Novas Oportunidades”, a meu ver, não visa dotar a população com os conhecimentos respeitantes ao nível mínimo obrigatório de escolaridade (9º ou 12º ano), mas sim de dar diplomas que certifiquem os cidadãos de um determinado nível escolar. Pois estes diplomas são obtidos com uma facilidade tal, que por vezes nem são os alunos que fazem os trabalhos. Isto conjuntamente com a subida das médias de entrada no ensino superior do presente ano lectivo, fazem o Governo acreditar que estamos ao nível dos melhores da Europa. Embora isso não se verifique, pois sendo com um menor grau de dificuldade que aumentemos as médias, nunca aumentaremos o nível de conhecimento face aos nossos parceiros europeus.
Como sabemos o crescimento económico não depende única e exclusivamente de variáveis económicas, como investimento, poupança, taxa de juro, taxa de inflação, PIB, (etc.), depende também de capital humano. Neste estão incluídos os conhecimentos dos jovens, futura população activa, que influenciarão o ritmo a que a economia crescerá e se desenvolverá.
Portanto cabe ao Governo, não facilitar, mas dar incentivos aos estudantes, para estes não abandonarem a escola e acima de tudo prosseguirem estudos até ao nível académico. Por isso não é com o fornecimento de portáteis, cuja utilização poderá ter diversos fins e não o de melhorar a educação portuguesa, bem como o corte no orçamento das universidades e dos subsídios das escolas, ou o aumento de propinas e o encerramento de escolas que o nível da educação e, consequentemente, o desempenho da economia melhorará. Logo a solução passará, não só, por incentivos aos jovens, mas também aos seus pais e professores, para um melhor nível de educação, conjugado com o desenvolvimento de novos postos de trabalho, para que no futuro estes jovens tenham onde aplicar os conhecimentos que retiveram ao longo dos anos de estudo.
Raquel Ferreira
a49304@alunos.uminho.pt
(artigo de opinião)

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