Da crise financeira à crise económica que afecta a economia Mundial e que teve maior incidência na Europa e EUA foi inicialmente intitulada de subprime e obrigou, numa primeira fase, estes governos a tomarem um conjunto de medidas para a estabilização do sector financeiro, reforçando o capital e as garantias das instituições financeiras e a aquisição de activos ilíquidos.
Estas medidas atingem já cerca de 20% do PIB da Zona Euro e 15% do PIB dos EUA e terão em grande parte o seu reflexo no aumento na divida publica. O impacto no défice será inicialmente indirecto por via do aumento dos encargos com os juros da nova divida, mas esta perca pode ser compensada se mais tarde, os activos ilíquidos forem vendidos a um preço superior. No entanto, as garantias que correspondem à maior parcela deste envolvimento apenas terão impacto nas contas públicas no caso de não serem pagas pelos tomadores e terem de ser accionadas.
Na verdade, a insuficiência destas medidas tem obrigado o BCE e a FED a fortes injecções de liquidez que correspondem já a 8% do PIB da UE e 13% do PIB Americano. O mérito destas centrou-se no facto de estabilizarem os mercados monetários e de crédito, levando à descida dos juros de mercado de curto prazo e à correcção dos spreads de crédito que atingiram níveis anormalmente elevados desde inicio de Outubro.
Apesar de os mercados monetários estarem ainda longe da normalidade e a cedência de crédito ser ainda muito reduzida, podemos adiantar que o pior já terá passado no que respeita aos riscos de colapso do sistema financeiro internacional. No entanto, os sinais dados são cada vez mais claros de que as ondas de choque da crise estão ainda por se fazer sentir na sua plenitude sobre a economia real, o que implica que 2009 será um ano muito difícil ao nível do crescimento e do desemprego, devendo resultar num aumento do desemprego em geral podendo mesmo ocorrer um eventual risco de deflação. Tudo isto justifica neste momento um papel ainda mais activo no sentido expansionista – das políticas monetárias e orçamentais.
As restrições de crédito verificadas no último trimestre de 2008 levam a concluir que o crédito em 2009 será ainda mais restritivo no financiamento da actividade económica real. Os inquéritos ao mercado de crédito levados a cabo pelo BCE revelam que 65% dos bancos da Zona Euro restringirão os créditos às empresas e 36% reportaram a adopção de critérios de concessão mais restritivos em relação ao crédito ao consumo, ou seja, verifica-se uma maior aversão ao risco, o que deverá determinar uma liquidez menos fluida.
Assim a ausência de procura privada e a secagem de liquidez poderão, em conjunto com a descida dos preços médios anuais das matérias-primas, alimentar uma expectativa deflacionista entre os agentes económicos, reforçando os riscos para a procura. A deflação implica o adiamento das decisões de consumo e investimento e reflecte-se também num aumento do valor real das dívidas, podendo provocar assim uma descida agressiva dos juros de referência pelos principais Bancos Centrais (o que será uma ajuda para as empresas e famílias com dividas).
Esta crise tem parte da sua natureza na má qualidade verificada nos últimos anos pelos governantes europeus. Posso exemplificar com o seguidismo verificado na guerra do Iraque pois ao apoiar a agressão a um estado soberano com base em sucessivas mentiras, os governantes europeus delapidaram recursos dos orçamentos que se tivessem sido aplicados no desenvolvimento não teríamos certamente de passar pela actual crise.
Muitos erros foram cometidos, muitas lições do passado ficaram por aprender e muita coisa mudará. No entanto, uma coisa parece certa o mundo é feito de aprendizagens e erros de humildade e de arrogância, de tempos bons e maus, mas a economia de mercado espelha a vida tal como ela é feita: de políticos melhores e piores, mas temos de enfrentar agora a crua realidade pois a imperfeição do mundo faz parte da sua beleza.
Estas medidas atingem já cerca de 20% do PIB da Zona Euro e 15% do PIB dos EUA e terão em grande parte o seu reflexo no aumento na divida publica. O impacto no défice será inicialmente indirecto por via do aumento dos encargos com os juros da nova divida, mas esta perca pode ser compensada se mais tarde, os activos ilíquidos forem vendidos a um preço superior. No entanto, as garantias que correspondem à maior parcela deste envolvimento apenas terão impacto nas contas públicas no caso de não serem pagas pelos tomadores e terem de ser accionadas.
Na verdade, a insuficiência destas medidas tem obrigado o BCE e a FED a fortes injecções de liquidez que correspondem já a 8% do PIB da UE e 13% do PIB Americano. O mérito destas centrou-se no facto de estabilizarem os mercados monetários e de crédito, levando à descida dos juros de mercado de curto prazo e à correcção dos spreads de crédito que atingiram níveis anormalmente elevados desde inicio de Outubro.
Apesar de os mercados monetários estarem ainda longe da normalidade e a cedência de crédito ser ainda muito reduzida, podemos adiantar que o pior já terá passado no que respeita aos riscos de colapso do sistema financeiro internacional. No entanto, os sinais dados são cada vez mais claros de que as ondas de choque da crise estão ainda por se fazer sentir na sua plenitude sobre a economia real, o que implica que 2009 será um ano muito difícil ao nível do crescimento e do desemprego, devendo resultar num aumento do desemprego em geral podendo mesmo ocorrer um eventual risco de deflação. Tudo isto justifica neste momento um papel ainda mais activo no sentido expansionista – das políticas monetárias e orçamentais.
As restrições de crédito verificadas no último trimestre de 2008 levam a concluir que o crédito em 2009 será ainda mais restritivo no financiamento da actividade económica real. Os inquéritos ao mercado de crédito levados a cabo pelo BCE revelam que 65% dos bancos da Zona Euro restringirão os créditos às empresas e 36% reportaram a adopção de critérios de concessão mais restritivos em relação ao crédito ao consumo, ou seja, verifica-se uma maior aversão ao risco, o que deverá determinar uma liquidez menos fluida.
Assim a ausência de procura privada e a secagem de liquidez poderão, em conjunto com a descida dos preços médios anuais das matérias-primas, alimentar uma expectativa deflacionista entre os agentes económicos, reforçando os riscos para a procura. A deflação implica o adiamento das decisões de consumo e investimento e reflecte-se também num aumento do valor real das dívidas, podendo provocar assim uma descida agressiva dos juros de referência pelos principais Bancos Centrais (o que será uma ajuda para as empresas e famílias com dividas).
Esta crise tem parte da sua natureza na má qualidade verificada nos últimos anos pelos governantes europeus. Posso exemplificar com o seguidismo verificado na guerra do Iraque pois ao apoiar a agressão a um estado soberano com base em sucessivas mentiras, os governantes europeus delapidaram recursos dos orçamentos que se tivessem sido aplicados no desenvolvimento não teríamos certamente de passar pela actual crise.
Muitos erros foram cometidos, muitas lições do passado ficaram por aprender e muita coisa mudará. No entanto, uma coisa parece certa o mundo é feito de aprendizagens e erros de humildade e de arrogância, de tempos bons e maus, mas a economia de mercado espelha a vida tal como ela é feita: de políticos melhores e piores, mas temos de enfrentar agora a crua realidade pois a imperfeição do mundo faz parte da sua beleza.
(artigo de opinião)
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