quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Roménia: um mercado estratégico

Há uns dias atrás, por questões profissionais, tive de viajar até Bucareste. Devo reconhecer que até esse momento, apenas associava a Roménia a um regime liderado de modo ditatorial até 1989, por Nicolau Ceausescu, ao Conde Drácula e ao país que, em 2007 aderiu à União Europeia (UE). Quando me apercebi da presença de algumas empresas portuguesas neste mercado, compreendi que o país tinha de ser muito mais do que isso e questionei-me sobre o que estaria a atrair o capital português à Roménia.
Em 2007, o Millennium Bank Romania abriu 39 agências em nove cidades romenas investindo cerca de 40 milhões de euros e a Martifer anunciou a construção de uma unidade de produção de extracção de óleos alimentares e armazenamento de cereais num investimento de 30 milhões de euros. Estes são exemplos de investimentos recentes de empresas portuguesas naquele mercado. A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), confirma que o Investimento Directo Português na Roménia tem vindo a crescer de forma muito significativa nos últimos anos.
Com assinaláveis taxas de crescimento do PIB (6% em média nos últimos 5 anos), o nível de consumo a aumentar, a taxa de desemprego inferior à média Europeia, a inflação e a dívida pública a descer a Roménia - pese embora os ainda existentes problemas de corrupção, instabilidade política e fraca competitividade económica – é, na minha opinião, um dos mercados europeus que maiores potencialidades apresenta para exportadores e investidores portugueses. Um mercado de dimensões significativas (21,6 milhões de habitantes), existência de recursos naturais consideráveis (petróleo e carvão), mão-de-obra de baixo custo, know-how, elevadas qualificações e localização central são atributos importantes para a atracção de fluxos de investimento estrangeiro elevados que contribuem activamente para a modernização da economia. De facto, a par da adesão da Roménia à UE e dos benefícios que daí decorre, estes são alguns dos elementos que justificam o interesse crescente manifestado pelas empresas portuguesas por este mercado.
Apesar de bons indicadores macroeconómicos, a Roménia apresenta algumas fragilidades que convém referir. Ao nível das infra-estruturas rodoviárias, aéreas e ferroviárias o país carece de investimentos avultados na sua expansão e modernização. O parque habitacional está degradado e, devido ao crescimento populacional nos centros urbanos, existe um défice assinalável entre a oferta e a procura facto que tem provocado alguma especulação imobiliária. Ao nível ambiental o investimento nos sectores da água e saneamento é urgente. Deste modo, creio que as fragilidades são também oportunidades de negócio para as empresas portuguesas, nomeadamente no sector da construção civil e obras públicas.
Tomando como exemplo o mercado polaco, onde Portugal conseguiu consolidar a sua posição como investidor externo, o tecido empresarial português reconhece a importância estratégica, económica e geográfica do mercado romeno no qual espera estabelecer uma rede de serviços e de investimentos mais alargada que, provavelmente, fará deste país um destino ainda mais importante dos investimentos portugueses a nível mundial. A Roménia está a desempenhar o papel que lhe compete, abrindo a economia ao exterior e captando investimento directo estrangeiro de forma invejável. Portugal e os seus empresários têm de fazer o seu, estabelecendo pontes de entendimento políticas, comerciais e culturais que nos permitam tomar o leme e assim ficar na liderança. Será que vamos conseguir? O tempo o dirá.
(artigo de opinião)

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