Numa época em que se torna necessário assegurar uma competitividade à escala mundial, assente na inovação, no conhecimento científico e na qualificação do factor trabalho, Portugal distingue-se pela fraqueza dos indicadores em todos estes domínios.
Se há problema estrutural por todos aceite como tal, é a educação. A avaliação de professores está na ordem do dia e paira actualmente como uma nuvem negra sobre a estabilidade do sistema de ensino português. Em causa está o modelo de avaliação aprovado pelo Ministério, com as queixas a incidirem sobre a burocracia associada ao processo de avaliação e potenciais situações de injustiça, com as inerentes repercussões ao nível do concurso de colocação e da progressão na carreira. O Ministério, por sua vez, defende-se acusando os críticos de não proporem um modelo de avaliação alternativo.
Estão assim criadas as condições para um extremar de posições, que em nada contribuirá, muito pelo contrário, para a serenidade que a função educativa exige.
Entre as declarações da Ministra da Educação, esta semana no Parlamento, anunciando que está disponível para suspender a prazo o seu sistema de avaliação do desempenho, lá mais para a Primavera de 2009, e do seu secretário de Estado que prontamente veio hoje esclarecer, a propósito da reunião do dia 15 de Dezembro, que “não haverá suspensão em circunstância alguma”, e as afirmações dos sindicatos, em reacção, de que os professores retomarão a greve se o Ministério da Educação não suspender a versão “simplex” e não alterar o sistema de avaliação do desempenho, sob a ameaça de que “se o Ministério da Educação quiser guerra, irá ter guerra, e a guerra dos professores é forte”, o que fica é a certeza, cada vez mais enraizada, de que ambas as partes perderam a face ao levar por diante posições que há muito ultrapassaram o bom senso e a razoabilidade, prejudicando a coesão do sistema educativo e comprometendo uma vez mais mudanças sérias que são necessárias agora e no futuro, incluindo um sistema de avaliação do desempenho ajustado às novas realidades escolar, social e profissional.
O grau de conflituosidade a que se chegou, que nos deveria envergonhar porque é demonstrativo da nossa incapacidade para compreendermos que estamos a comprometer o futuro e a dar um péssimo exemplo às gerações futuras mais novas, é o resultado de um clima de quebra de confiança.
A quebra de confiança é um problema geral com incidências muito graves. Não havendo confiança não se unem esforços, não se trabalha para um objectivo comum, não se respeitam as divergências, não se protege o interesse público e inviabiliza-se a construção de um desígnio. A resolução dos problemas estruturais requer o recurso a uma certa metodologia, implicando começar por seleccionar os objectivos, identificar o conjunto de medidas de política, implementá-las criteriosamente e avaliar os seus resultados, com vista a corrigir os resultados indesejados. E quando também falta a humildade para reconhecer os problemas e a urgência na sua resolução, o resultado não é andar para a frente, mas, sim dar passos atrás.
Ana Sofia Silva
ana_sil88@hotmail.com
Se há problema estrutural por todos aceite como tal, é a educação. A avaliação de professores está na ordem do dia e paira actualmente como uma nuvem negra sobre a estabilidade do sistema de ensino português. Em causa está o modelo de avaliação aprovado pelo Ministério, com as queixas a incidirem sobre a burocracia associada ao processo de avaliação e potenciais situações de injustiça, com as inerentes repercussões ao nível do concurso de colocação e da progressão na carreira. O Ministério, por sua vez, defende-se acusando os críticos de não proporem um modelo de avaliação alternativo.
Estão assim criadas as condições para um extremar de posições, que em nada contribuirá, muito pelo contrário, para a serenidade que a função educativa exige.
Entre as declarações da Ministra da Educação, esta semana no Parlamento, anunciando que está disponível para suspender a prazo o seu sistema de avaliação do desempenho, lá mais para a Primavera de 2009, e do seu secretário de Estado que prontamente veio hoje esclarecer, a propósito da reunião do dia 15 de Dezembro, que “não haverá suspensão em circunstância alguma”, e as afirmações dos sindicatos, em reacção, de que os professores retomarão a greve se o Ministério da Educação não suspender a versão “simplex” e não alterar o sistema de avaliação do desempenho, sob a ameaça de que “se o Ministério da Educação quiser guerra, irá ter guerra, e a guerra dos professores é forte”, o que fica é a certeza, cada vez mais enraizada, de que ambas as partes perderam a face ao levar por diante posições que há muito ultrapassaram o bom senso e a razoabilidade, prejudicando a coesão do sistema educativo e comprometendo uma vez mais mudanças sérias que são necessárias agora e no futuro, incluindo um sistema de avaliação do desempenho ajustado às novas realidades escolar, social e profissional.
O grau de conflituosidade a que se chegou, que nos deveria envergonhar porque é demonstrativo da nossa incapacidade para compreendermos que estamos a comprometer o futuro e a dar um péssimo exemplo às gerações futuras mais novas, é o resultado de um clima de quebra de confiança.
A quebra de confiança é um problema geral com incidências muito graves. Não havendo confiança não se unem esforços, não se trabalha para um objectivo comum, não se respeitam as divergências, não se protege o interesse público e inviabiliza-se a construção de um desígnio. A resolução dos problemas estruturais requer o recurso a uma certa metodologia, implicando começar por seleccionar os objectivos, identificar o conjunto de medidas de política, implementá-las criteriosamente e avaliar os seus resultados, com vista a corrigir os resultados indesejados. E quando também falta a humildade para reconhecer os problemas e a urgência na sua resolução, o resultado não é andar para a frente, mas, sim dar passos atrás.
Ana Sofia Silva
ana_sil88@hotmail.com
(artigo de opinião)
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