O Alargamento da UE a
leste foi progressivo sendo que a primeira etapa foi em 2004 e a segunda em 2007.
Esse alargamento não foi só politico (politicas comuns) mas também comercial e
monetário no sentido de melhorar a coesão e criar uma União Europeia mais
forte, expandir as redes de negócios da União europeia (por exemplo, a Jerónimo Martins está
presente na Polónia e o BCP também).
Ao longo desses anos,
Portugal perdeu competitividade nos seus sectores calçado / têxtil para países
de Leste não só porque os salários são comparativamente mais baixos mas também
porque têm processos de fiscalização mais simples (por exemplo, em Portugal os
encargos para as empresas são elevadas e têm vários impostos a pagar).
Não só Portugal foi
atingido. Várias indústrias, como a do automóvel deslocalizaram as suas actividades
da Alemanha para os países de Leste.
Essa aventura Europeia
que tinha como objectivo aproximar os países, criar uma unidade forte fez com
que alguns países ficassem prejudicados e outros avantajados já que a politica
fiscal Europeia não é única.
Apesar disso, Portugal
tem vindo a aumentar as suas exportações ao longo dos anos e protegeu as suas
indústrias promovendo a inovação (por exemplo, as industrias têxteis
especializaram-se em diferentes tipos de têxteis de alta qualidade, nas quais
ainda há pouca concorrência). Assim, as indústrias mais inovadoras não resistiram
a esse processo de alargamento.
Em consequência, a taxa
de desemprego naqueles países tem vindo a diminuir enquanto a de Portugal tem
vindo a aumentar.
Ao nível do PIB português,
desde os anos 2000 tem sido estagnante ou até depressivo, como é o caso dos últimos
anos
Com a abertura à tecnologia,
a produtividade desses países tem vindo a aumentar francamente, o que criou
vantagens comparativas (combinação salários baixos e boa produtividade).
É de realçar que a
evolução dessas variáveis estruturais em
Portugal não é devida unicamente ao alargamento da UE. Podemos ainda falar das
politicas expansionistas e irresponsáveis do governo nos últimos 5 anos e uma conjuntura
não favorável, que criou uma crise de confiança no investimento português,
tanto como uma indústria antiga e que não acompanhou as mudanças e a
actualização do mercado.
Em suma, sendo que
Portugal age geralmente como um pais de Leste (similaridade na estrutura de
exportação), alguns autores consideraram que Portugal tem sido um dos países
menos beneficiado pelo alargamento.
Assim, colocamos outra
vez a questão da união politica e fiscal (convergência mas não união). Será que
uma união total nesses domínios poderia suprimir ou suavizar os choques que
apareçam em diversos regiões sendo que a politica seria comum e mais bem
organizada? Seria benéfico ou inconveniente? E em que aspectos? Os Estados
Unidos da Europa poderiam afirmar a União Europeia como superpotência ou o
orgulho nacionalista é demais para viabilizar essa realidade?
Matthieu Barbosa
Caetano, José ; Galego,
Aurora; Costa, Sofia (2005): Portugal e o alargamento da União Europeia:
alguns impactos sócio-económico.
Fontoura, Maria Paula e Nuno Crespo
[Orgs.] (2004), O Alargamento da União
Europeia - Consequências para a Economia Portuguesa, Celta Editora, Oeiras.
http://ec.europa.eu/eurostat
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário