sábado, 28 de abril de 2012

A produtividade e a competitividade nacional

Uma empresa é competitiva sempre que produz um bem ou um serviço cujos atributos e cujo preço interessam a uma procura solvente, isto é, um conjunto de compradores com interesse e capacidade financeira para a respectiva aquisição. 
Para que uma empresa seja competitiva é necessário reunir duas condições: uma competência específica numa dada área de produção de bens e serviços; e, por outro lado, custos de produção compatíveis com as condições de concorrência no mercado onde vende.
Uma economia competitiva é aquela que assegura o emprego da respectiva população activa em condições que lhe permitem validar ou aumentar, de forma sustentada, o seu nível de vida. Uma economia competitiva é aquela que, simultaneamente, assegura emprego, aumenta a produtividade e cria valor.
Uma empresa pode ser, ou pode passar a ser, competitiva aumentando a produtividade ou produzindo bens ou serviços com maior valor para o cliente ou através de uma redução dos salários reais do país onde produz, nomeadamente através de uma desvalorização cambial, ou através da deslocalização de partes do processo de produção para países com salários mais baixos. Tais medidas podem levar há recuperação ou ao reforço da competitividade das empresas de uma dada economia, o que não implica necessariamente uma maior competitividade da respectiva economia.
A reposição da competitividade das empresas através da deslocalização de parte do processo produtivo só constituirá um factor e um indicador de competitividade da respectiva economia se for acompanhado da criação de um volume igual ou superior de empregos, com um valor acrescentado por activo superior ao do emprego deslocalizado.
Uma política de promoção da competitividade nacional significa muito mais do que a mera salvaguarda da competitividade do respectivo tecido empresarial. Significa gerar mais valor acrescentado por activo e salvaguardar ou aumentar a taxa de emprego da população activa do país. Por isso, o problema da competitividade nacional tem que ser atacado em duas frentes: através do aumento da produtividade e da produção de bens e serviços com mais valor por parte do aparelho produtivo já instalado; e através da criação de novas unidades empresariais e instalação de novas competências cujo valor acrescentado por activo permita acomodar os aumentos de salários correspondentes a uma trajectória de aproximação da média do nível de desenvolvimento da União Europeia.
O aumento da produtividade do tecido empresarial e a instalação de novas competências são duas vertentes inseparáveis numa estratégia de reforço da competitividade da economia portuguesa. Desde logo, é necessário aumentar a produtividade do aparelho produtivo nacional para fazer face à pressão da concorrência dos países com baixos salários. Tratar-se-á de produzir mais com o mesmo volume de emprego ou, em mercados maduros, produzir o mesmo volume de produção com menos emprego. Por isso, por si só não garante a competitividade da economia nacional, isto é, mais emprego e mais valor acrescentado. Depois, é necessário introduzir novas competências potenciadoras de novas ofertas para novos mercados de modo a criar o emprego que permitirá, por um lado, absorver o trabalho libertado pela racionalização das unidades produtivas existentes ou compensar a redução da taxa de emprego daí resultante, e, por outro, incrementar o valor acrescentado por activo do tecido produtivo nacional.
A introdução destas novas competências depende não só da emergência de novas empresas e de novos empresários como da vitalidade das empresas existentes para reconhecer e endogeneizar a capacidade empreendedora revelada. O aumento da produtividade do tecido empresarial implica a introdução de novos processos de produção e de novos modelos de organização empresarial. Por sua vez, a introdução de novas competências significa a aquisição de conhecimentos sobre a produção e comercialização de bens e serviços que não eram produzidos na economia; ou a incorporação de novos atributos em bens e serviços já produzidos.
Isto é, na minha opinião, o aumento da produtividade e a introdução de novas competências, essenciais ao reforço da competitividade nacional, pressupõem a aceleração do processo de concretização de novas ideias quer sobre o como fazer quer sobre o que fazer, sendo a chave da competitividade da economia portuguesa a Inovação. Isto é, inovação de processos e inovação de produtos e serviços.

Tiago Rodrigues


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

1 comentário:

Supravizio disse...

Prezados,

No Brasil enfrentamos este mesmo assunto e nosso blog possui um artigo interessante falando sobre uma possível solução, que é a gestão por processos: http://www.supravizio.com/Noticias/ArtMID/619/ArticleID/60/Por-que-somos-improdutivos-faltam-processos-BPM.aspx

Wallace Oliveira
www.supravizio.com