sexta-feira, 6 de abril de 2012

Desemprego, emigração e formação superior

Portugal, com a taxa de desemprego em 14,8%, tem a terceira taxa mais elevada da União Europeia, registada em Janeiro deste ano. Apenas a Espanha e Grécia apresentam valores mais elevados que Portugal. A zona Euro tem registado a mesma tendência: atingiu em Janeiro deste ano a mais alta taxa de desemprego desde Outubro de 1997.
Nos dias de hoje em que a crise vigora, tem-se assistido ao crescente desemprego exponencial no nosso país e na UE. Embora Portugal atravesse um momento grave na história da sua economia, o fenómeno da emigração sempre esteve presente na sociedade Portuguesa, pois sempre foi um país sem grandes condições para oferecer oportunidades à sua população. Este fenómeno é diferente do dos anos 60, pois não manda remessas para o país. Remessas essas que aguentaram as finanças públicas muitos anos em Portugal. Esta geração poderá constituir família e ficar pelos países de destino. Tem sido um “escape” de muitas pessoas e famílias inteiras, que procuram preferencialmente a Suíça, Alemanha e Angola como principais destinos. Pontualmente existe emigração mais qualificada, como por exemplo para o Canadá, Austrália e Brasil, que têm fluxos migratórios periódicos para pessoas qualificadas. O Brasil tem recrutado Portugueses qualificados. Devido ao desenvolvimento de que tem sido alvo, o país tem falta de mão-de-obra especializada que Portugal tem de sobra.
O número de licenciados a emigrar subiu 49,5% entre 2009 e 2011, de acordo com o Instituto e Formação Profissional. Há muito que um canudo na mão deixou de ser passaporte para um emprego garantido. Mas há excepções: anatomia patológica, medicina e medicina dentária estão entre os cursos que na última década têm maior taxa de empregabilidade. Mas a verdade é que no universo dos cursos superiores existentes, o número de cursos que nos dias de hoje tem uma taxa elevada de desempregados é bastante preocupante.
Em Fevereiro, segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, mais de 66 mil jovens licenciados estavam inscritos em centros de emprego, num universo de mais de 648 mil inscritos. Apesar do número de jovens licenciados desempregados estar a crescer, ter um nível de qualificações superior traz ainda vantagens, uma vez que um licenciado espera menos tempo por emprego e quando inserido no mercado laboral aufere uma remuneração mais alta. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, no primeiro trimestre de 2011, o rendimento salarial médio mensal líquido de um licenciado (entre os 26 e os 29 anos) era de 846 euros, mais 240 euros do que um trabalhador com o ensino secundário e mais 282 euros do que um empregado com o 9.º ano. Esta diferença salarial vai aumentando ao longo da vida, pelo facto destes trabalhadores progredirem mais facilmente dentro das empresas. De modo que um diplomado com 45 anos ganhava, em média, nesse período, 1.664 euros por mês, mais 737 do que uma pessoa com a mesma idade com o ensino secundário.

Filipa Oliveira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: