terça-feira, 17 de abril de 2012

A queda na avaliação das casas em Portugal

O valor pelo qual os bancos avaliam os imóveis está em queda nos últimos dez meses (de Fevereiro de 2011 a Fevereiro de 2012). Os valores da avaliação bancária baixaram em todas as regiões de Portugal, registando uma queda de 7,4% em Fevereiro de 2011 face ao mesmo período do ano passado e 0,8% face ao mês de Janeiro de 2011, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).
As regiões onde se regista a queda mais acentuada, foram na Região Autónoma dos Açores (14,2%) e na Região Autónoma da Madeira e em Lisboa (9,6%). É a queda mais acentuada desde que há registo (Setembro de 2008), de acordo com o INE.
No âmbito da concessão de crédito, o valor médio do metro quadrado recuou para 1055 euros em Fevereiro deste ano. O Algarve é a região onde se regista o valor mais elevado, de 1330 euros, e o Centro o valor mais baixo, de 905 euros, por metro quadrado. Na capital, o preço do metro quadrado baixou 134 euros no último ano. Mas entre as regiões que apresentam os valores médios da avaliação acima da média nacional, perduram Lisboa, a Madeira e o Algarve, com valores médios de 1314 euros e 1330 euros. Assim, em média, um imóvel com 100 metros quadrados, terá uma avaliação de 105,5 mil euros.
O indicador da avaliação bancária é fundamental para quem está à procura de casa para comprar a crédito, pois é com base nesta avaliação que a banca define o valor do empréstimo. Habitualmente, os bancos emprestam até 80% do valor da casa. Perante esta evolução negativa, cada vez mais a compra da casa fica mais difícil.
Quando se trata de uma concessão de crédito habitação, o indivíduo tem de ter em conta a análise de alguns factores fundamentais: para além da aprovação do crédito, o valor da avaliação do imóvel e as taxas de juros a que este está associado.
Segundo o INE, as taxas de juro implícitas no crédito à habitação têm estado em queda, essencialmente devido à evolução das taxas Euribor, fenómeno não registado nos contractos realizados nos últimos 3 meses, porque em contrapartida os “spreads” praticados pelos bancos têm vindo a subir.
Em Fevereiro, a taxa de juro situou-se em 2,687% (traduzindo um decréscimo de 0,020p.p. em relação ao mês anterior) e o valor médio do capital em dívida dos contractos de crédito habitação situou-se em 59484 euros (diminuiu 17 euros em relação ao mês anterior). Desde de Fevereiro de 2011 até Fevereiro de 2012, o valor de capital em dívida baixou em média 204 euros, o que reflecte todas essas divergências do crédito à habitação.
A ausência de capacidade financeira das famílias, o agravamento das condições no acesso ao crédito, a maior mobilidade e a instabilidade no emprego são razões centrais para o aumento acelerado da procura de arrendamento, em detrimento da compra de casa. Mas, infelizmente, continua a ser apetecível comprar casa porque as prestações da banca ainda compensam face ao valor, ainda elevado, das rendas.

Filipa Oliveira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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