A recente notícia da Presidente
da Argentina - Cristina Kirchner- em nacionalizar 51% do património da petrolífera YPF controlada pela
petrolífera Repsol, tem marcado a actualidade, gerando forte desconfiança no
sector privado, que teme iniciativas semelhantes do governo em outros sectores
da economia. Das acções
expropriadas, 51% irão passar para a domínio do Estado argentino e 49% serão
distribuídos pelas províncias. Com a operação, a petrolífera espanhola vai
ficar com cerca de 6% do capital da empresa argentina. A nacionalização sobre a Repsol-YPF não
afectará apenas a indústria do país, mas também as relações comerciais da
Argentina com outros países, especialmente da Europa.
O
Governo argentino defende a sua posição. Primeiramente
recusou pagar a indemnização exigida pela Repsol apoiando-se nos danos ambientais vividos, na quebra na produção por falta de investimento e nos gastos excessivos em importação de combustível. Posteriormente, não temendo represálias, começou a procurar parceiros alternativos para a
empresa, finalizando na nacionalização da mesma.
Esta decisão, segundo
alguns especialistas, foi considerada como "um gesto de hostilidade"
contra Espanha e até mesmo contra a Europa. Prevê-se, inclusive, que o ambiente
económico das empresas espanholas na Argentina se deteriore, tendo repercussões
tanto a nível financeiro como politico. Consequentemente, as reacções
desencadearam-se de um modo nada favorável para a Argentina, sendo criticada
severamente pela Espanha e pela Comissão Europeia. A UE cancelou a reunião
destinada a renovar a ajuda financeira; o Presidente do Governo Espanhol
afirmou que a nacionalização da petrolífera rompe o bom entendimento entre os
dois países e o Presidente do Banco Mundial considerou a nacionalização como
sendo um erro.
Naturalmente,
a presente medida teve repercussões imediatas nas acções em Bolsa assim como
nos mercados de dívida. Esta
operação levou a quedas acentuadas das acções das empresas envolvidas no
negócio. A YPF e Sacyr desceram mais de
20% e a Repsol caiu mais de 14%, naquela que foi a pior semana para a
petrolífera em mais de três anos. Analistas defendem que a
nacionalização terá um impacto considerável na reputação da Argentina, agravado
pelo facto de este país ainda se encontrar a recuperar dos danos do
incumprimento aquando a intervenção do FMI em 2001, levando à insegurança politica e económica. Presencia-se
ainda a retirada de capital pelos investidores estrangeiros; sendo este facto
preocupante pois o investimento privado é uma parte chave do desenvolvimento de
qualquer país. A Argentina passou, de facto, a ser o terceiro
país com mais risco do mundo.
Ana
Raquel da Silva Nogueira
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