A apelidação de “ouro negro” ao
petróleo continua cada vez mais actual no século XXI. Tal como o ouro amarelo
em séculos anteriores, o petróleo desperta cada vez mais ódios, faz despoletar
guerras e está cada vez mais no centro de variados interesses.
A região petrolífica do Golfo
Pérsico foi descoberta em 1908 no Irão e, a partir daí, toda a região começou a
ser visada estrategicamente e explorada.
Nos anos 60 os principais
países produtores de petróleo criaram a OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) como forma de se fortalecerem frente às empresas
compradoras de petróleo, a maioria pertencente aos EUA, Inglaterra e Países
Baixos, e combaterem a queda do preço do petróleo. Assim, em 1969, uma tonelada
de fuel custava 9 dólares e, em 1973 passou para 24 dólares. O preço baixo da
energia e das matérias-primas baratas, um dos elementos em que assentara o
crescimento do pós-guerra, terminava. Os preços dos produtos dependentes do
petróleo aumentavam também, causando uma alta de preços durável, que em certos
países ultrapassou os 10%. O petróleo passa a ser utilizado como arma política
na resolução de vários conflitos no mundo árabe.
Em Julho de 1990, o presidente
do Iraque acusa o Kuwait de ser o responsável pela queda do preço do petróleo e
retoma antigas questões de limites territoriais. Em Agosto do mesmo ano o
Kuwait não cede a pressões iraquinas e estes decidem invadir o seu território
com o intuito de controlar os seus vastos e valiosos campos de petróleo.
Associada à incerteza da Guerra do Golfo e posterior intervenção das forças da
coligação, sob chefia americana, os preços do petróleo atingem o seu valor mais
elevado.
A partir de 1994 os preços
sobem novamente, pressionados pela forte economia dos EUA e pela crescente
economia da Ásia. Em 2004, o recorde histórico é de 51 dólares por barril. No
fim de Agosto de 2005 o furacão Katrina leva ao colapso da produção na região
do Golfo do México o que faz disparar os preços dos combustíveis. Em 2006 os
preços do crude atingem os 61 dólares pressionados pela execução de Saddam
Hussein e no ano seguinte os preços rondam os 100 dólares por barril, fruto de
uma grande actividade especulativa e desvalorização do dólar. No ano de 2008, o
barril de petróleo bate sucessivos recordes e atinge um máximo histórico, onde
ultrapassava os 140 dólares por barril.
Os países produtores de
petróleo e os grandes centros de decisão do mundo, utilizam-no como arma de
arremesso político sem avaliarem os graves dramas sociais que as suas decisões
despoletam.
Os combustíveis condicionam
cada vez mais o quotidiano das populações anónimas, não envolvidas em
problemáticas diplomáticas ou questões políticas.
A situação agravou-se com o
crescimento da população mundial e a crescente necessidade de energia na Índia
e na China, que despoletaram um aumento do consumo de petróleo.
Com os preços do brent a atingirem novos recordes, os
europeus confrontaram-se também com a subida dos preços e com a certeza que não
haverá um retorno aos níveis de preços anteriores. Tal situação implicou
ajustes no seu estilo de vida.
O aumento dos preços dos
combustíveis gerou implicitamente um aumentos nos gastos de produção, levando a
que o produto final seja mais caro quando chega ao consumidor.
Os mais pobres são os mais
vulneráveis aos efeitos dos aumentos dos
preços dos combustíveis, que geram um aumento do preço dos alimentos. Energia e
alimentos representam cerca de 70% do cabaz de compras dos mais carenciados, o
que faz com que as consequências a longo prazo da actual tendência sejam
consideráveis. O corte nas despesas é inevitável.
Um mundo em que a grande
percentagem da população vive em pobreza extrema, representa um custo
inaceitável em sofrimento humano, perdas económicas e tensões políticas, que
têm importantes repercussões na sua segurança.
Ana
Margarida Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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