sexta-feira, 6 de abril de 2012

Evolução do preço do Petróleo e impacto no preço dos combustíveis

A apelidação de “ouro negro” ao petróleo continua cada vez mais actual no século XXI. Tal como o ouro amarelo em séculos anteriores, o petróleo desperta cada vez mais ódios, faz despoletar guerras e está cada vez mais no centro de variados interesses.
A região petrolífica do Golfo Pérsico foi descoberta em 1908 no Irão e, a partir daí, toda a região começou a ser visada estrategicamente e explorada.
Nos anos 60 os principais países produtores de petróleo criaram a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) como forma de se fortalecerem frente às empresas compradoras de petróleo, a maioria pertencente aos EUA, Inglaterra e Países Baixos, e combaterem a queda do preço do petróleo. Assim, em 1969, uma tonelada de fuel custava 9 dólares e, em 1973 passou para 24 dólares. O preço baixo da energia e das matérias-primas baratas, um dos elementos em que assentara o crescimento do pós-guerra, terminava. Os preços dos produtos dependentes do petróleo aumentavam também, causando uma alta de preços durável, que em certos países ultrapassou os 10%. O petróleo passa a ser utilizado como arma política na resolução de vários conflitos no mundo árabe.
Em Julho de 1990, o presidente do Iraque acusa o Kuwait de ser o responsável pela queda do preço do petróleo e retoma antigas questões de limites territoriais. Em Agosto do mesmo ano o Kuwait não cede a pressões iraquinas e estes decidem invadir o seu território com o intuito de controlar os seus vastos e valiosos campos de petróleo. Associada à incerteza da Guerra do Golfo e posterior intervenção das forças da coligação, sob chefia americana, os preços do petróleo atingem o seu valor mais elevado.
A partir de 1994 os preços sobem novamente, pressionados pela forte economia dos EUA e pela crescente economia da Ásia. Em 2004, o recorde histórico é de 51 dólares por barril. No fim de Agosto de 2005 o furacão Katrina leva ao colapso da produção na região do Golfo do México o que faz disparar os preços dos combustíveis. Em 2006 os preços do crude atingem os 61 dólares pressionados pela execução de Saddam Hussein e no ano seguinte os preços rondam os 100 dólares por barril, fruto de uma grande actividade especulativa e desvalorização do dólar. No ano de 2008, o barril de petróleo bate sucessivos recordes e atinge um máximo histórico, onde ultrapassava os 140 dólares por barril.
Os países produtores de petróleo e os grandes centros de decisão do mundo, utilizam-no como arma de arremesso político sem avaliarem os graves dramas sociais que as suas decisões despoletam.
Os combustíveis condicionam cada vez mais o quotidiano das populações anónimas, não envolvidas em problemáticas diplomáticas ou questões políticas.
A situação agravou-se com o crescimento da população mundial e a crescente necessidade de energia na Índia e na China, que despoletaram um aumento do consumo de petróleo.
Com os preços do brent a atingirem novos recordes, os europeus confrontaram-se também com a subida dos preços e com a certeza que não haverá um retorno aos níveis de preços anteriores. Tal situação implicou ajustes no seu estilo de vida.
O aumento dos preços dos combustíveis gerou implicitamente um aumentos nos gastos de produção, levando a que o produto final seja mais caro quando chega ao consumidor.
Os mais pobres são os mais vulneráveis aos efeitos  dos aumentos dos preços dos combustíveis, que geram um aumento do preço dos alimentos. Energia e alimentos representam cerca de 70% do cabaz de compras dos mais carenciados, o que faz com que as consequências a longo prazo da actual tendência sejam consideráveis. O corte nas despesas é inevitável.
Um mundo em que a grande percentagem da população vive em pobreza extrema, representa um custo inaceitável em sofrimento humano, perdas económicas e tensões políticas, que têm importantes repercussões na sua segurança.

Ana Margarida Pereira


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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