segunda-feira, 30 de abril de 2012

A energia eólica em Portugal

É a norte do rio Tejo que se encontram a maioria dos parques eólicos, aproveitando as condições favoráveis do vento e altimetria, como é o nordeste transmontano. Viseu, Viana do Castelo e Castelo Branco apresentam valores bastante significativos em relação às restantes regiões de Portugal, o que significa uma mais-valia no desenvolvimento destas regiões já que apresentam problemas relacionados com o envelhecimento, abandono e pobreza das populações.
O investimento na construção de centrais de produção de energia eólica, com destaque para a implementação das mesmas em regiões descentralizadas, tem impactos significativos na criação de empregos e de riqueza local, dinamizando, ainda, outras fontes produtivas como as áreas industriais.
Um dos melhores exemplos da potencialidade de criação de emprego ligada à energia eólica é, sem dúvida, o cluster industrial de Viana do Castelo. É um bom exemplo da força que a energia eólica possui para dinamizar as economias locais, modelo que pode ser adoptado por outras regiões que possuam as mesmas condições. A construção deste cluster tinha como objectivos utilizar a energia eólica como motor para a criação de um sector industrial e optimizar a exploração do recurso eólico em Portugal. Através da criação deste cluster foi possível recrutar trabalhadores dos municípios vizinhos, uma vez que o grupo alemão ENERCON decidiu alargar as suas unidades fabris na região, investindo 200 milhões de euros, criando 2000 empregos diretos e milhares de empregos indiretos, relacionados com a construção e exploração de parques e fornecimento de matérias-primas. Só este polo industrial representa 2,5% do PIB regional (Minho-Lima).
Mas não é só pelas fábricas construídas que as regiões beneficiam com o aumento da produção de energia através do vento, por um lado, existe a compensação monetária destes parques aos municípios, que representa 2,5% dos rendimentos dos parques, e, por outro lado, as terras onde são instalados os parques representam mais um rendimento para os donos das mesmas, já que as alugam a quem explora os parques. Se estes forem instalados em terrenos agrícolas, o dono das terras além de receber o respectivo aluguer pode ainda produzir nas mesmas visto que elas podem ser trabalhadas até à base das torres, duplicando assim o rendimento do proprietário.
Os parques eólicos podem também ser aproveitados turisticamente para dar a conhecer as regiões onde estão implantados. Em Celorico da Beira tem-se o exemplo de como podem funcionar os parques eólicos no desenvolvimento turístico das regiões, nomeadamente para quem gosta de pedestrianismo. No parque eólico da Serra do Ralo, foi estabelecido um percurso pedestre temático – “Trilho da Serra do Ralo” – sobre energia eólica, que dá a conhecer aos visitantes não só a beleza natural da serra mas também como funciona um parque eólico com possíveis visitas a um aerogerador.
Este tipo de projetos, se forem pensados a uma outra escala, englobando um vasto número de parques eólicos de diferentes regiões, podem servir como uma grande área temática, com a criação de rotas para dar a conhecer ao público não só essas áreas serranas muitas vezes esquecidas, mas também servir como fonte de informação acerca de uma fonte de energia limpa, com tudo o que lhe está adjacente.  Sendo assim, a energia eólica é mais uma janela de oportunidades que se abre para o desenvolvimento das regiões.
Com o investimento nas energias renováveis, nomeadamente, na energia eólica, foram criados mais postos de trabalho, registou-se um aumento no volume de negócios ligados a essa área e foram lançados clusters industriais, como o de Viana do Castelo. Os pesquisadores projectam um ganho entre 115000 e 201000 novos postos de trabalho em 2020 e entre 188000 e 300000 empregos em 2030, isto num cenário moderado. Já no cenário de fortes investimentos, os ganhos giram entre 396000 e 417000 empregos em 2020 e entre 459000 e 545000 novos empregos em 2030.
Segundo um estudo da Deloitte, as energias renováveis terão evitado um custo de 15,3 mil milhões em energia ao país entre 2005 e 2015. É também referido pela Deloitte em parceria com a APREN que a poupança eólica se verifica ao nível das emissões de CO2, estimando que no mesmo período se poupou 2,2 mil milhões.
Em 2010, no Governo de José Sócrates, entre Janeiro e Setembro, mais de metade da electricidade consumida veio de fontes de energias renováveis, o que permitiu poupar mais de 700 milhões de e euros em importação de energia.
Atualmente, está Portugal muito bem posicionado num contexto mundial da produção de energia eólica pelo que deve ser feita uma forte aposta neste tipo de produção de energia, para assim se poder reduzir a dependência energética, bem como melhorar as condições ambientais e económicas do país. Também, se Portugal fizer um contínuo investimento neste sector, leva a um aumento significativo de empregabilidade, assim, como a um aumento do PIB Nacional. Desta forma, defendo uma clara aposta nesta energia, visto que apresenta bastantes benefícios e poderá ser um meio que no longo-prazo nos ajudará a ultrapassar esta recessão económica por que passamos, pois apesar de o investimento inicial ser elevado, os proveitos retirados compensarão certamente o gasto.

Fábio Fiúza Moreira Veloso

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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