sexta-feira, 27 de abril de 2012

Diminuição dos salários da função Pública: será uma solução?

O aumento contínuo da dívida pública Portuguesa, associada às inexistentes condições de financiamento do estado português, levam a pensar sobre os resultados das medidas programadas e sobre a sua viabilidade. Sobre o facto dessas medidas serem insuficientes colocam-se várias alternativas para a resolução dos problemas. O aumento de impostos tem sido predominantemente utilizada nos últimos tempos, contudo a subida continua dos mesmos trazem impactos negativos na economia. Outra possibilidade passa pela redução em grande escala do número de funcionários públicos, mas isto só levaria ao agravamento dos números do desemprego, e à incapacidade de garantir todos os serviços que o estado assegura. Uma alternativa que tem sido recentemente utilizada consiste na redução de salários dos funcionários públicos. A filosofia passa por manter o emprego às pessoas, ajustando os salários à capacidade do país, e não sobrecarregar as gerações futuras com as dívidas resultantes dos vencimentos presentes. É uma medida relativamente fácil de implementar, salvo eventuais obstáculos jurídicos. Essa medida pode ser acompanhada por uma redução gradual do número de funcionários.
Será nesta alternativa que encontramos a solução? Vejamos: segundo a Lei de Wagner, as despesas públicas no rendimento nacional são sempre crescentes ao longo do tempo; o que o Estado está a fazer com a redução de salários é ganhar liquidez e com isso diminuir o valor da despesa, mas isso não impede a contínua acumulação de dívida, que será sempre crescente. No médio prazo, voltaremos á situação em que nos encontramos neste preciso momento, isto é, a um nível de endividamento insustentável.
O que faremos nesse momento? Diminuiremos ainda mais os salários das famílias portuguesas? Estas reduções apenas vão refletir uma maior recessão económica, num momento em que os salários encurtam, e as despesas aumentam através do aumento de impostos que se repercutem nos preços dos produtos e nos spreads, que não param de crescer. Cada vez menos as pessoas conseguem poupar, poupança essa que seria canalizada para o investimento dos produtores. A economia estagnou! Chega de sacrificar as famílias! É necessário uma nova reestruturação das despesas públicas. É necessário implementar medidas mais eficientes em sectores como a educação e a saúde, para que se diminua a despesa.
Não faz sentido que se tente resolver uma crise mundial através de “arranjos” de programas individuais. Estando nós numa União Económica Europeia, esta crise deveria concentrar-se em soluções centrais, repartidas de igual modo por todos os países. A nossa solução passará por decisões do Banco Central, para que seja possível existir maior acessibilidade ao crédito por parte das empresas, e dessa forma construir uma base sustentável, que irá repercutir-se na diminuição desemprego, no aumento do poder de compra das famílias e no incremento do crescimento económico.

Joana Gonçalves

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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