sábado, 21 de novembro de 2020

A realidade dos jovens “nem-nem” no mundo

 Jovens “nem-nem” ou NEET, conhecidos assim por não trabalharem, não estudarem e não frequentarem qualquer tipo de formação, representam neste momento um quinto do total de jovens no mundo, segundo um relatório da Organização Mundial do Trabalho divulgado em março deste ano.  

Segundo esse relatório, o número de jovens “nem-nem” aumentou em 2019 para 267 milhões, representando cerca de 20,5% do total de jovens no mundo, que são cerca de 1.300 milhões (entre os 15 e os 24 anos). Dois terços dos jovens NEET são mulheres, ou seja, 181 milhões e, segundo a OIT, as raparigas têm mais do dobro da probabilidade de serem jovens “nem-nem”. De acordo com a mesma organização, desde 2017 existe uma tendência de crescimento destes jovens, sendo que deverá continuar a aumentar, atingindo os 273 milhões em 2021.

É importante perceber a que se deve este crescimento. Será falta de oportunidades? Será desinteresse? Será apenas uma geração perdida que não quer trabalhar nem aprender? Todas elas têm a sua verdade. Por um lado, não estão a ser criados postos de trabalho suficientes, e isso é percetível visto que a taxa mundial de desemprego juvenil é de 13,6%, que é um número bastante elevado e que requer que olhemos para ele com especial preocupação. Por outro lado, somos uma geração habituada a facilitismos, existe pouca vontade em saber mais, em aprender mais e acabamos por nos acomodar com aquilo que temos, sem termos a ambição de conseguir melhor, e não é esse o caminho que devemos percorrer. Devemos prestar atenção ao que nos rodeia, ter uma opinião formada sobre os assuntos mais importantes presentes na sociedade e também lutar por aquilo em que acreditamos. Só assim podemos evoluir e governar o mundo.  

Neste momento, este crescimento constante do número de jovens “nem-nem” é um dos maiores problemas da nossa sociedade e é fundamental haver mudanças a este respeito o mais rápido possível, porque a este ritmo a meta de redução não será alcançada. Para isso, é preciso tomar medidas. Existem algumas que têm vindo a ser aplicadas ao longo dos últimos anos, como, por exemplo, promover uma reintegração nas escolas, promover o emprego jovem, facilitar a transição entre a escola e o trabalho, incentivar os jovens a frequentarem o ensino superior e fazer com que os que o abandonaram regressem à vida académica. Cada país aplica as medidas de uma forma diferente. Isso deve-se ao facto de as caraterísticas dos jovens “nem-nem” variarem mas, no fundo, o objetivo é comum a todos: promoverem o interesse dos jovens pelo mundo que os rodeia e fazer com que eles voltem a ser ativos e  terem um papel preponderante na nossa sociedade.

Na minha opinião, acho que é preciso reforçar que os jovens precisam de ser mais ativos na sociedade e precisam de ter uma opinião formada, porque uma sociedade moderna é uma sociedade culta e é também uma sociedade esclarecida. Os jovens precisam de tomar um rumo nas suas vidas e não continuarem a viver como se “tivessem desistido do mundo”. Por outro lado, as medidas que estão a ser aplicadas fazem todo o sentido porque os NEET são essencialmente jovens com baixos níveis de escolaridade e com algumas dificuldades económicas. No entanto, e numa tendência crescente, encontramos cada vez mais jovens licenciados neste grupo, porque, num primeiro momento, não conseguem encontrar uma oportunidade de trabalho, o que realmente é uma preocupação para quem está neste momento no último ano de licenciatura, que é o meu caso. Portanto, é preciso olharmos para este problema de uma forma séria e é preciso agir de uma forma urgente para que consigamos chegar à tão desejada meta de redução.


Ana Catarina Freitas Gonçalves 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]

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