terça-feira, 3 de novembro de 2020

Impacte da COVID-19 no Setor Imobiliário em Portugal

 

Vivemos neste ano que corre uma época nunca antes vista, causada pela pandemia da COVID-19 e esta reflete-se em todos os setores da atividade económica. Com isto, a incerteza paira no ar. O que se sabe é que muitas coisas não vão mais ser como antes e o setor imobiliário não será uma exceção.

Antes de sermos assolados por este vírus, Portugal encontrava-se no período do “boom” do setor imobiliário devido a diferentes fatores, como os incentivos fiscais, ou os vistos GOLD. Este crescimento notou-se principalmente nas cidades cosmopolitas, Lisboa e Porto, onde os preços e as rendas têm disparado ano após ano. O investimento no setor imobiliário tem crescido de forma gradual desde o ano de 2016 e essa tendência não parece mudar. Pelo que se vê, cada vez se aposta mais neste setor.

No entanto, com a incerteza que se começou a sentir com a pandemia, muito se especulou sobre a queda do mercado imobiliário mas, ao contrário do que muitos pensavam, este continuou a subir e diversas análises mostram a estabilidade deste mercado. Contudo, nota-se uma desaceleração natural do processo.

O primeiro semestre de 2020, apesar de ter sido marcado por muitas dúvidas no seio da população, continuou com um balanço positivo. Os preços mantiveram-se numa trajetória ascendente e, segundo dados do INE, estes aumentaram em 10,3% no primeiro trimestre e 7,8% no segundo trimestre. Esta desaceleração no segundo trimestre deve-se ao facto de, em meados de março, ter sido decretado o Estado de Emergência e grande parte da população ter entrado em confinamento. Já no terceiro trimestre continuou a aumentar, desta vez em 1%, o que mostra, como falado em cima, a desaceleração natural do processo.


No que diz respeito ao número de casas vendidas, do primeiro para o segundo trimestre de 2020, observou-se uma queda de 23,3%, tendo passado de 43532 para 33398. Esta queda deve-se ao facto do mês de abril, período em que vigorou o Estado de Emergência, ter tido uma grande contração. Com o país a “desconfinar”, os meses de maio e junho já mostraram uma recuperação.


A pandemia veio diminuir a oferta e como a procura não teve grandes variações, os preços continuam a subir, mas o mesmo não se poderá dizer ao nível das transações.  De facto, têm-se observado menos negócios, já que se vende menos e só compra quem realmente precisa. O COVID-19 não está a ter um grande impacte no setor imobiliário já que este é um mercado lento, que só começa a sentir as maiores repercussões no longo prazo.

 

João Assis Miranda

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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