O Reino Unido tomou a decisão de sair da União Europeia, ao fim de 47 anos. A isso andou associada uma instabilidade que se iniciou aquando da criação de um referendo para a saída da União Europeia e se confirmou passados 3 anos, 7 meses e 9 dias. Entre o referendo e o seu resultado, os britânicos começaram logo a sentir resultados efetivos, consequência de um retrocesso económico por parte dos países integrantes, provocado pela incerteza.
As
negociações entre o Reino Unido e a UE terminaram, entrando em vigor o acordo a
1 de janeiro de 2021. Uma das consequências naturais do Brexit será a
diminuição da imigração, o que do ponto de vista dos britânicos trará vantagens
para o país, pois terão maior poder sobre esta. Sentem que a chegada de
emigrantes da UE está a diminuir as hipóteses dos nacionais conseguirem
emprego, postos mais elevados e, dessa forma, uma melhor qualidade de vida.
De
acordo com The London School Of Economics
And Political Science (LSE), os nacionais consideram ter razão no que dizem
sobre os postos de trabalho visto que os imigrantes provenientes da UE têm
educação superior, cerca de 43%, o que é quase o dobro dos nativos, que apenas
ronda os 23%. Tendo vindo a aumentar desde 2004, quando entraram 8 novos países
da Europa do Leste para a UE, a entrada de trabalhadores provenientes desta tem
vindo a aproximar-se cada vez mais do número de imigrantes provenientes dos
restantes países. Apesar desta crença dos britânicos, a imigração aumentou o
estilo de vida dos locais uma vez que proporcionou a criação de mais postos de
trabalho, mais empresas, etc., levando a um aumento do PIB.
Na
realidade, a crença é uma falácia pois os postos de trabalho não se mantiveram
fixos ao longo do tempo, fator que os ingleses não estão a ter em consideração,
sentindo assim que foram prejudicados. Para além destes argumentos, um maior
número de trabalhadores vai garantir um maior leque de especialidades,
providenciando ao país uma força de trabalho mais especializada, aumentando a
sua produtividade e consequentemente os salários a nível nacional.
Por
outro lado, o Banco da Inglaterra (BoE) refere um possível número de efeitos
secundários do Brexit nas trocas mundiais: barreiras resultantes em economias
menos abertas, o que, por sua vez, reduz o comércio e o investimento
estrangeiro direto. Consequentemente, provoca a desaceleração da economia, que
vem associada a condições financeiras mais restritas.
De
um ponto de vista geral, o BoE e o CPI (Centre
for The Promotion of Imports from developing countries) identificaram as
principais consequências do Brexit nos vários setores da economia: a
vulnerabilidade das tarifas alfandegárias na fronteira, afetando o setor de
exportação para a EU, e da importação da mesma; a influência na livre
circulação de mão de obra; a variação no financiamento da UE, como a remoção de
subsídios ao abrigo da Política Agrícola Comum e de projetos como o Erasmus.
Posto isto, é possível afirmar que o impacte negativo nos diversos setores é
óbvio. Diversas empresas mobilizaram as suas fábricas e trabalhadores para
outros países membros da UE como resposta ao Brexit, conduzindo a uma
diminuição da oferta de emprego e do investimento.
Conseguimos,
deste modo, observar uma grande discrepância entre a opinião popular e a
científica, porém a decisão já foi tomada e não há retorno possível. Resta-nos
aguardar e observar se o governo britânico eleito será capaz de melhorar a
economia do país, contrariando os estudos económicos previamente realizados.
Francisco Ramalho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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