O investimento direto estrageiro é um grande impulsionador da economia e apresenta inúmeras vantagens, tal como criação de emprego e desenvolvimento do país e consiste no investimento de indivíduos ou empresas noutro país. Este tipo de investimento é um grande pilar no que toca ao desenvolvimento da economia e é um ponto importante devido à elevada incerteza e dificuldades económicas apresentadas neste momento. Também o é pela sua capacidade de transferência de tecnologias e conhecimentos.
Em Portugal, o IDE tem vindo a aumentar lentamente, apesar da instabilidade a nível mundial, como, por exemplo, por causa da crise sanitária global e guerra comercial EUA-China. Segundo o EY Attractiveness Survey Portugal, em 2019, o número de projetos era de 154, o que criou 12.549 novos empregos, porém, em 2020, vai se verificar uma queda devido à crise sanitária que vivemos, onde 20% dos projetos podem estar em risco de ser adiados ou cancelados, o que comparado com outros países europeus se encontra “bem”.
Mundialmente, o IDE abrandou devido ao confinamento e essas empresas repensaram os seus projetos, apresentando uma diminuição de 49% no primeiro trimestre de 2020, comparando com 2019, segundo o relatório da Conferências das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento. No entanto, a China foi aquele país que apresentou uma menor queda do investimento, pois foram os únicos que conseguiram combater o vírus e regressar ao dito normal. O governo Chinês aplicou medidas de forma a atrair investimento, onde a maior parte diz respeito a indústrias de alta tecnologia.
De uma forma geral, Portugal é visto como atrativo para o IDE por causa do seu clima agradável, localização privilegiada ou baixo custo do trabalho. Um dos melhores exemplos de IDE em Portugal é a Autoeuropa, que representou 1,6% do PIB e 5% das exportações em 2018. Mas também devíamos promover vantagens como força-de-trabalho especializada, know-how e alto desenvolvimento tecnológico, e assim aumentar o leque de setores no que toca ao IDE.
Nesse sentido, primeiramente, devia existir uma otimização dos instrumentos públicos, tal como o programa gold, que consistia em fornecer autorizações de residências a estrangeiros, não sendo garantido a cidadania. Porém, no ano de 2019, do total de vistos gold concebidos, 93% eram relativos ao setor imobiliário. Assim, podemos denotar que o programa gold tem um impacte residual nos outros setores. De acordo com o Parlamento Europeu, devia-se acabar com o visto dourado pela sua atração de criminosos, muitas vezes associados a financiamento de atividades ilícitas.
Por outro lado, a COVID-19 veio aumentar a relevância da digitalização da economia, tal como aumentar a importância da sustentabilidade, que para o caso de Portugal é positivo visto que somos um país desenvolvido tecnologicamente e temos elevada apetência para as energias renováveis. Desta forma, devemos continuar a apostar no desenvolvimento tecnológico, tal como na criação de um ambiente fiscal mais favorável para o investimento de modo incentivar empresas estrangeiras a investir no nosso país. Assim como devemos apostar na criação de programas de forma a disseminar as diversas competências e capacidades que temos para oferecer, principalmente em áreas como o agroalimentar, a agricultura, a indústria transformadora, a indústria digital e atividades relacionadas com o mar.
É possível concluir que o IDE é importante para a dinamização da economia, principalmente por esta se encontrar enfraquecida devido à crise sanitária vivida. De modo a aumentar o IDE, é necessário passar uma imagem de confiança, adotar políticas fiscais a favor do investimento e dar a conhecer os pontos positivos do nosso país. Todavia, neste momento, devemos mostrar-nos capazes de recuperar a economia e assim demostrar resiliência e capacidade para ultrapassar esta crise.
Carla Cruz Oliveira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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