segunda-feira, 23 de novembro de 2020

IMPACTE ECONÓMICO DA ´WEB SUMMIT`

A Web Summit é a maior conferência da Europa dedicada às tecnologias de informação e empreendedorismo de base tecnológica, e os participantes variam desde empresas da Fortune 500 até às pequenas empresas de tecnologia. Assim sendo, contém uma mistura de CEOs e fundadores de start-ups tecnológicos, em conjunto com pessoas da indústria de tecnologia global. A Web Summit, juntamente com o Governo Português, anunciou, em outubro de 2018, uma parceria com duração de 10 anos que permite manter a conferência em Lisboa até 2028.  

A Web Summit, desde o primeiro ano, tornou-se uma montra de Portugal no mundo. Não só esta cimeira levou a um desenvolvimento económico do país mas, também, Portugal auxiliou num forte impulso nos resultados da Web Summit. A passagem de Dublin para a capital portuguesa levou os lucros da organização a dispararem 16 vezes. No segundo ano o evento revelou-se ainda mais rentável.

Eventos deste caráter tem normalmente impacte nos diferentes setores de atividade e na reconfiguração da economia. Estes envolvem um volume significativo de meios cujos efeitos no curto prazo podem ser relevantes, isto a nível local, mas também a nível mundial, através do estímulo da procura interna da economia, sendo que estes efeitos no curto prazo geralmente estão associados a impactes do lado da procura, enquanto os de longo prazo estão ligados aos impactes do lado da oferta.

Relativamente às despesas diretas, isto é, os gastos realizados pelos visitantes e participantes do evento, estima-se que a Web Summit gerou um acréscimo direto na procura de 62,3 a 74,2 milhões de euros em 2017, no entanto, para 2028, projeta-se um impacte direto entre os 100 e 159 milhões de euros, se o modelo do evento permanecer igual. Adicionalmente, no valor bruto da produção nacional, o impacte em 2017 esteve entre os 102,5 e os 180 milhões de euros. Para 2028, estima-se que este impacte possa chegar entre os 164,8 e 385,9 milhões de euros.

Além do valor bruto da produção nacional, teríamos também impacte sobre o PIB, sendo que em 2017 os valores estimados variam entre 51,6 e 105,7 milhões de euros, e entre 82,3 e 226,6 milhões em 2028. Por fim, podemos apresentar impactes no emprego, onde em unidades equivalentes de duração anual estes variam entre 1064 e 2172 em 2017 e em 2028 estes valores estima-se que atinjam entre os 1710 e 4664.

É importante referir que, para que estes valores sejam atingidos em 2028, é necessário que o cenário económico permaneça constante, como também os modelos do evento, isto é, duração do evento, estádias, participantes e visitantes médios.

No entanto, em 2020, devido à pandemia COVID-19 e às consequências que esta trouxe, este evento decorrerá exclusivamente online. A cimeira era fonte de lucro em diferentes setores portugueses, como o de turismo e de restauração. Com a mudança dos moldes da conferência, é esperado então que haja um impacte negativo nestes setores relativamente a anos passados. Além disso, devido ao contrato realizado em 2018, Portugal vai ter de manter o investimento de 11 milhões anuais, mesmo que esta se realize em formato 100% remoto.

Apesar de neste ano os moldes terem sido alterados, pois a segurança e a saúde de todos os envolvidos é prioridade, mesmo que leve a um decréscimo dos impactes positivos e do desenvolvimento económico que a Web Summit gerou no passado, este é um evento muito importante para o país pois trás visibilidade, inovação e fomenta diferentes setores portugueses indispensáveis para o desenvolvimento e crescimento.

 

Rita Peixoto 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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