segunda-feira, 23 de novembro de 2020

A globalização, no presente e no futuro

         A globalização económica é o processo de integração e dependência económica entre países. Mais concretamente, é um processo com duas faces: em primeiro lugar, a da especialização da produção; e, depois, a da interdependência entre as economias. Segundo o economista Luís Bravo, a globalização “é uma criadora de produtividade que tende a favorecer economicamente os países que mais liberalizam o comércio”.

Por um lado, a globalização trouxe inúmeras vantagens. As pessoas podem viajar, trabalhar, estudar e viver em países diferentes. Os países podem produzir mais com menos custos, especializando-se na produção de determinados bens e explorando as economias de escala nos mercados mundiais. A concorrência internacional, a cooperação científica e o intercâmbio de ideias contribuíram para estimular a criatividade e acelerar a inovação. As empresas que operam nos mercados internacionais mantêm-se competitivas devido ao seu crescente grau de adaptação. Milhões de pessoas deixaram de viver na pobreza e alguns dos países mais pobres recuperaram o seu atraso económico. Em última instância, contribuiu também para reforçar a estabilidade, a democracia e a paz.

Por outro lado, da globalização advêm também consequências negativas: passa a haver um maior fluxo de matérias-primas e de mercadorias no mundo (a Logística ganha uma crescente importância); os investimentos passam a ser seletivos de acordo com os mercados de produção; e, finalmente, todos dependemos mais de todos. Embora os factos revelem que a economia, as empresas e os cidadãos europeus continuam a beneficiar bastante da globalização, estas vantagens não têm sido repartidas de modo equitativo, contribuindo, por vezes, para agravar as desigualdades sociais.

A verdade é que dentro de alguns anos emergirão as chamadas novas tendências da globalização. Quase todos os setores serão afetados, designadamente o setor agroalimentar e o setor das telecomunicações. Além disso, também os transportes, a distribuição, os serviços financeiros, a produção industrial, os cuidados de saúde, e outros sofrerão mudanças. Exemplo disso são já a realidade virtual, o comércio eletrónico, o crowdfunding (em português, financiamento coletivo), etc.

De facto, devido à interação a nível mundial, surgiram ora novas oportunidades ora novas ameaças. Por sua vez, ao mesmo tempo, o mundo enfrenta cada vez mais problemas transnacionais - fluxos migratórios, ações terroristas, crises económico-financeiras, pandemias e alterações climáticas. Além do mais, os avanços tecnológicos e a expansão das economias emergentes aceleraram ainda mais as trocas mundiais e transformaram a sua natureza. Nem as economias mais desenvolvidas, nem as de maior dimensão, nem mesmo as mais ricas detêm as capacidades necessárias para enfrentar individualmente os desafios atuais.

A cooperação à escala mundial assume, portanto, uma importância cada vez maior. No entanto, esta precisa de ser repensada e reformada. Tal requer uma visão para o futuro que suporte a modernização da economia, através da adoção de políticas concretas, relativas não só à inovação e ao investimento mas, também, políticas setoriais e de regulamentação e tributação. Isto implica tomar medidas a nível da União Europeia, dos Estados-Membros, a nível regional e local.

Para a União Europeia, uma das principais prioridades consiste em reforçar a sua transição para uma economia digital, sustentável e mais circular. Os Estados-Membros devem desenvolver políticas que aumentem a produtividade, apoiem os trabalhadores, fomentem a inclusão e equidade sociais (medidas fiscais) e desenvolvam os investimentos na inovação, formação e educação. Ademais, as localidades devem definir novos modelos empresariais que apoiem o empreendedorismo. Como Anna Ayuso (do Centro de Assuntos Internacionais de Barcelona) afirma, “Estamos noutra fase da globalização (…) do que precisamos é de instituições que respondam realmente às mudanças que estão a ocorrer na sociedade internacional.”

 

Cristiana Mendes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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