domingo, 1 de novembro de 2020

O Impacte da Pandemia no Setor Automóvel

 

Neste momento, ninguém pensa em comprar um carro! A população encontra-se preocupada com o futuro do país e do mundo, e fazer um investimento num veículo está quase fora de questão. Estamos numa posição onde nos vimos obrigados a ter prioridades, mais do que nunca.

Em Portugal, o setor automóvel representa 8% do produto interno bruto (PIB), exportando 98% dos veículos produzidos, onde estão envolvidas cerca de mil empresas que empregam à volta de 75 mil trabalhadores.

Nos últimos anos, a indústria automóvel teve de se reinventar e adaptar, tal como outras indústrias, às novas tecnologias, isto é, ao mundo online, e à procura exigida pelos consumidores, surgindo assim, automóveis elétricos e híbridos e, até mesmo, a condução autónoma. Toda esta evolução aconteceu gradualmente ao longo do tempo, o que exigiu investimento e capacidade de responder às expectativas impostas pelos compradores, resultando num crescimento do setor automóvel.

A pandemia afetou negativamente a maior parte dos setores, incluindo este, estando prevista uma redução dos negócios em cerca de 30% em relação ao ano anterior. A maior parte das empresas de indústria automóvel entrou em lay-off no confinamento, o que significa que as fábricas deste ramo interromperam completamente a produção, reduzindo abruptamente o fabrico das peças e montagem das mesmas, o que levou ao desemprego de 15 mil trabalhadores, tendo assim, um impacte económico de grande dimensão. Devido a tudo isto, os departamentos de Recursos Humanos das empresas foram obrigados a tomar decisões drásticas, dispensando inúmeros trabalhadores, que na sua maioria eram jovens, com novas ideias, no auge da criatividade, sendo a força de trabalho do futuro.

A maioria dos carros vendidos em março deste ano resultaram de encomendas feitas previamente, quando ainda era impensável o futuro infeliz que se aproximava. Em abril, o comércio de veículos ligeiros de passageiros reduziu-se 86%, representando uma perda de 15 milhões de euros para o Estado.

Atualmente, as fábricas da indústria automóvel estão a produzir sem perspetivas de venda, ou seja, todo o processo de montagem de veículos está a ser feito apenas para stock. Perante todas estas dificuldades, o que poderá ser feito para erguer de novo este setor?

A indústria automóvel apela ao Governo por um plano de apoio tendo em consideração que é dos setores com maior impacte na economia do país. Uma das propostas feitas é a possibilidade de pedir reforma antecipada dos colaboradores com mais anos de experiência, com o intuito de dar oportunidade à geração mais nova e evitar o despedimento de trabalhadores. Outras medidas sugeridas são a redução do imposto sobre os automóveis ou, até mesmo, incentivos em modernizar os seus veículos.

Assim, é possível afirmar que o setor automóvel é muito importante para o país a nível interno, mas principalmente no que diz respeito à exportação. Representa uma grande percentagem do PIB português. Daí, ter um forte impacto na economia. É ainda necessário realçar que esta indústria emprega inúmeros trabalhadores e que se não forem tomadas medidas de forma a evitar despedimentos, as consequências desta pandemia serão ainda maiores do que nos tempos atuais.


Ana Teresa Silva  

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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