segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Previsões para a Economia Portuguesa em 2020

           No presente ano, 2020, a Comissão Europeia tem vindo a expor a sua opinião face às previsões que mantém sobre a economia portuguesa, nunca desviando a crise social e financeira que tem assombrado o país, mas com algumas alterações entre julho e novembro. Uma previsão carateriza-se pelo ato ou efeito de prever, ver com antecipação.

         Se em julho as previsões para o défice português se encontravam nos 9,8%, espera-se agora, quatro meses depois, uma contração de 9,3%. Embora estes números demonstrem uma visão mais pessimista do que o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças, que defendem quedas de 8,1% e 8,5%, respetivamente, existem entidades que concordam com as estimativas vindas de Bruxelas. São elas o Conselho das Finanças Públicas (-9,3%), a OCDE (-9,4%) e o FMI (-10,0%).

        No entanto, as previsões feitas vão mais longe, envolvendo o défice, a dívida pública ou a taxa de desemprego. Quanto às duas primeiras, a CE conjetura uma visão mais descrente. É esperado pela mesma um saldo orçamental negativo de 7,3% do PIB, em conformidade com o Governo Português, e uma dívida pública de 135,1% do PIB, um pouco acima do valor projetado pelo Governo, de 134,8%. Já sobre a taxa de desemprego, Bruxelas melhorou as suas previsões apresentando um valor de 8,0% face aos 9,7% em maio.

          É importante referir que na sua análise sobre a economia portuguesa, a CE aponta para razões como a queda do setor do turismo, um dos mais afetados pela crise pandémica. O desmazelo gradual das medidas de distanciamento social requeridas com o aparecimento do vírus COVID-19 por parte da sociedade durante a estação do verão permitiram a recuperação de alguns setores, também eles bastante afetados. Como é o caso do alojamento e da restauração, que mantêm, também, um peso extremamente importante para o país. Ainda que o crescimento não seja extraordinário e capaz de salvar uma contração da economia, foi notório. Em contrapartida, as infeções de Outono quebram essa melhoria sentida, não havendo projeções de recuperações “completas”, como Bruxelas aponta, pelo menos até 2022.

          Se excluirmos o impacte da terceira ativação do mecanismo de capital contingente do Novo Banco (0,5% do PIB) e outras medidas “one-off”, o saldo das contas públicas poderia atingir um valor mais simpático, como 6,75% do PIB ainda em 2020.

          Numa opinião pessoal, seria inevitável uma conjuntura menos pessimista. A crise pandémica vivida trouxe ao país inúmeras consequências negativas, dificilmente concertáveis nos próximos tempos. Ainda que se trate de uma crise social, arrastou-se visivelmente numa crise financeira de enorme escala.

Antes do aparecimento do vírus, Portugal teria superado, em larga medida, uma crise anterior, não descurando que a economia portuguesa ainda dependia de um largo caminho para a sua recuperação oficial, não só devido a problemas estruturais na sociedade como a herança terrível que o país carregava. No entanto, será certo que o aparecimento da COVID-19 terá destruído todos os sonhos que poderiam ser planeados. Atitudes como a quarentena e medidas de restrição da circulação, ainda que fundamentais para a saúde pública, arruinaram a economia. Assim sendo, é necessário pensar no futuro com olhos no passado e no que pode vir a ser feito, sempre com a visão e crença de que será possível reerguer no longo prazo os resultados pessimistas que se verificam no presente!

 

Ana Barreto de Sousa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]


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