terça-feira, 24 de novembro de 2020

PIB: Expectativa vs. Realidade

PIB é o acrónimo utilizado para designar o Produto Interno Bruto de uma economia, representando, desta forma, a soma de todos os bens e serviços finais produzidos num determinado território durante determinado período de tempo, sendo este um dos indicadores macroeconómicos mais utilizados na quantificação da atividade económica de determinado país.

Consequentemente, observa-se que o PIB Português apresentou um valor anual de 213.301M€ no ano de 2019, mostrando-se superior ao obtido no ano prévio. Assim, de modo a analisar um pouco a variação do valor deste indicador na economia portuguesa, encontra-se o gráfico abaixo representado:

Figura 1: Variação do PIB na economia portuguesa

          Assim sendo e fazendo uma breve análise do gráfico, é possível observar que o PIB da economia portuguesa apresenta grandes oscilações, chegando mesmo a ter variações negativas, ou seja, decréscimos no valor. Exemplo disto é o constatado no ano de 1975, onde se observa o maior pico negativo da variação (-5%), e logo a seguir em 2012, que baixou 3,17%, representando assim a maior descida desde 1975, contudo a economia apresenta logo a seguir valores superiores, o que leva gradualmente a uma reposição da mesma, mostrando-se assim inconstante.

          Posto isto, 2019 terminou com a expectativa de um aumento de 1,7% da economia Portuguesa (Proposta do Orçamento do Estado para 2020), valor este que se revelou menor do que o valor expectável do Governo, que era de 1,9% para o ano de 2020. Contudo, o Mundo deparou-se com a realidade da COVID-19, que veio anular todas as expectativas. O inesperado aconteceu e a economia portuguesa não se encontrava preparada. A situação pandémica direcionou o PIB para valores inacreditáveis e completamente contrários àquilo que se idealizava.

Deste modo, o PIB português apresentou uma diminuição de 2,5% apenas no primeiro trimestre de 2020, onde se verificou o primeiro caso da doença em Portugal, no mês de março. A situação foi piorando, a crise pandémica alastrou-se pelo país causando a pior queda alguma vez vista, no segundo trimestre de 2020, no qual o PIB diminuiu em 16,5% face ao mesmo período do ano anterior. E, por fim, dados lançados recentemente apresentam ainda uma descida no 3º trimestre de 5,8%, sendo que este valor já é referente à 2ª vaga da pandemia, na qual o país já se encontrava mais preparado pois já era algo espectável.

          Tendo em conta as circunstâncias em que o país se encontra, projetou-se uma queda no Valor Anual do PIB na ordem dos 9,4% para 2020 (valor apresentado no Boletim Económico divulgado dia 6 de outubro), contudo o Banco de Portugal refutou esse valor afirmando que o mesmo ia apresentar uma descida de 8,1%, que apesar de elevada é relativamente menor à anteriormente apresentada.

          Em suma, é importante realçar que os valores apresentados no Orçamento de Estado para 2020 ficaram completamente descontextualizados da realidade pois ninguém contava com a crise sanitária na qual nos encontramos, e, sendo tudo isto tão repentino, a Economia Portuguesa não se encontrava preparada e, portanto, foram necessárias medidas e gastos superiores àqueles pensados para 2020.

É imprescindível a criação de expectativas e propostas, mas também é necessário ter sempre em mente que nada do planeado é certo e que vão sempre existir contratempos que impossibilitem a realização destes planos. A COVID-19 foi um exemplo e um teste à nossa economia bem como à dos restantes países uma vez que esta se tornou, rapidamente, uma crise sanitária global.

 

Maria João Silva Santos

 

Bibliografia:

·       https://pt.countryeconomy.com/governo/pib/portugal

·       https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+crescimento+real+do+PIB-2298

·       https://www.rtp.pt/noticias/economia/pib-portugues-com-quebra-historica-de-165-no-segundo-trimestre-de-2020_n1248815

https://tvi24.iol.pt/economia/recessao/banco-de-portugal-melhora-projecoes-e-estima-queda-do-pib-de-8-1-em-2020 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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