sábado, 14 de novembro de 2020

A Educação em Portugal: onde conseguimos melhorar?

 A educação, no nosso país, nunca foi um setor que se distinguisse pela sua eficácia, isto é, apesar de darmos muita atenção à educação, nunca nos revelámos extremamente competentes nesta vertente. A frequentação do ensino superior e o consequente seguimento do ensino depois do secundário, apenas nos últimos anos começou a ser tendência. Deste modo, a nossa população, depois de terminar a sua vida escolar, revela-se cada vez mais competente e preparada para ingressar o mercado de trabalho.

Assim sendo, neste pequeno artigo, começarei por analisar dois gráficos relativos ao tema em questão, analisando o desempenho de Portugal e comparando-o com o comportamento da UE27. Posteriormente, irei apresentar algumas soluções para Portugal continuar a melhorar o seu sistema educativo e, por sua vez, começar a tornar a sua população mais competente a nível educacional. 


Através da análise do gráfico da acima, que nos apresenta a percentagem da população residente com ensino superior (entre os 30 e os 34 anos), em Portugal e em vários países da UE, nos anos de 2004 e de 2019, conseguimos verificar que Portugal apresenta um valor de 36,2%, valor este que nos coloca na vigésima posição deste ranking. Em 2004, Portugal registava um valor de, aproximadamente, 20%, registando assim uma melhoria significativa num espaço de 15 anos. No entanto, tanto em 2004 como em 2019, Portugal apresenta um valor inferior à média registada pela UE27, que nos dados mais recentes apresenta um valor de 40,3%.

Analisando agora o 2º gráfico, que nos fornece a percentagem da população residente sem ensino superior ou sem o ensino secundário, nos anos de 2004 e de 2019, como expectável e confirmando um pouco aquilo visto no gráfico anterior, vemos Portugal na terceira posição, com um valor fixado nos 24,8%. Deste modo, verificamos que Portugal, dentro dos países apresentados, revela-se como um dos países em que menos pessoas frequentam o ensino secundário ou o ensino superior, apesar de 2004 para 2019 este valor ter registado, felizmente, uma queda de, aproximadamente, 35%, uma vez que em 2004, Portugal apresentava um valor de cerca de 60%.

A UE27, nesta vertente, apresenta um valor fixado nos 15,5%, ou seja, mais uma vez Portugal apresenta um valor pior que a média registada pela UE27, o que já acontecia no gráfico anterior, o que por sua vez torna o cenário português ainda mais problemático. Assim sendo, podemo-nos deparar com a seguinte pergunta: que medidas se podem apresentar como uma resposta eficaz a esta problemática da educação?

Primeiramente, há que lembrar e perceber que os gráficos se referem exclusivamente à população residente. Quero, com isto, salientar o facto de muitos indivíduos portugueses que têm de facto um bom nível de educação, podem, aquando do momento de entrada no mercado de trabalho, emigrar para países que lhes forneçam melhores condições salariais. Deste modo, poderia funcionar como uma resposta eficaz tentar reter essa juventude qualificada no nosso mercado de trabalho, atribuindo-lhes melhores condições salariais e atribuindo uma maior importância ao seu grau de qualificação (que muitas vezes não é levado em conta como deveria devido à falta de experiência das pessoas que acabam de sair da sua vida académica).

Para além disso, a oferta de prémios a melhores alunos, apesar de já existirem, estes existem em pouca abundância e em muitos dos casos são atribuídos por entidades privadas (empresas, etc.). O Estado e um grupo de empresas com capacidade para tal poderiam proceder à criação de uma organização com esse mesmo foco, isto é, recompensar os melhores alunos de todo o país. Esta medida não só levaria ao aumento dos jovens a terminar o secundário, como também daria ao nosso país uma maior abundância de mão-de-obra melhor qualificada, o que, por sua vez, se traduziria em mais competitividade no mercado de trabalho, que seria ainda melhor para as empresas (dessa mesma organização e não só).

 

Diogo Carvalho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]

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