terça-feira, 3 de novembro de 2020

Comércio Internacional Português de Vinho

 

Desde a qualidade até às condições para a sua produção, o vinho português tem-se destacado positivamente ao longo dos anos não só em Portugal como pelo mundo fora. O setor vinícola é um exemplo da crescente aposta na internacionalização, com a imagem dos vinhos portugueses a ganhar cada vez mais reconhecimento e a conquistar um mercado fiel fora das fronteiras nacionais, e com as empresas produtoras a optar pela abertura de novas rotas de mercado, fazendo com que as exportações aumentem de forma gradual, sendo uma mais-valia para a economia do nosso país. Estas diferenças significativas que resultaram num aumento da divulgação dos vinhos portugueses no exterior, só foram possíveis pela intervenção fundamental de uma nova geração de enólogos com melhores formações e conhecimentos dos gostos internacionais, e de novas estratégias de gestão.

A indústria do vinho apresenta um elevado volume de negócios e valor acrescentado e, especialmente, um valor muito positivo na balança comercial, pois é um dos poucos sectores agroalimentares com uma balança comercial positiva, que rondou os 653 milhões de euros, em 2019. Nesse mesmo ano foi registado um novo máximo histórico de exportações, com a venda de cerca de 296 milhões de litros, no valor global de 820,5 milhões de euros (um aumento de 2,5% face a 2018), ao preço médio de 2,77 euros/litro. Daí denotando-se que se trata de um ano em que a internacionalização foi bastante notória. A França, principal mercado de destino das exportações portuguesas de vinho, em 2019, absorveu 13,9% do total, seguida dos EUA (10,9%), do Reino Unido (9,5%) e do Brasil (6,7%). Com valores na ordem dos 6% alinharam-se a Alemanha, o Canadá, a Bélgica e a Holanda. Os restantes países apresentam valores iguais ou inferiores a 4,5%.

Figura 1 - Principais mercados de destino das exportações portuguesas de Vinho em 2019 (%)

 

Fazendo uma comparação entre 2018 e 2019, no total, a União Europeia apresentou um aumento de 0,3% das exportações, mas os EUA (2º mercado de destino das exportações) destacam-se com uma variação positiva de 10,8%, o que corresponde a aproximadamente 8,8 milhões de euros, o Reino Unido teve um aumento de 3% e o Brasil de 7%. Pelo contrário, as exportações para a Alemanha e a China caíram cerca de 0,8% e 9,5%, respetivamente.

Portugal, segundo dados de base disponíveis no portal do “International Trade Centre” (ITC), em 2019, ficou entre os 12 principais exportadores mundiais de vinho, situado em 9º lugar, ou seja, com 2,5% do peso total. Como podemos visualizar na figura 2, o primeiro lugar, com 30,4% do total, é ocupado pela França. O conjunto destes doze países totalizou cerca de 90% da exportação mundial de Vinho no ano passado.

Figura 2 - Os principais exportadores mundiais de vinho em 2019 (%)


O vinho do Porto é um exemplo de vinho português reconhecido nos quatro cantos do mundo, sendo aquele que normalmente têm mais peso no total das suas vendas, logo, a maior quota nas exportações de vinhos portugueses. Em 2019, destacou-se porque, para além de terem sido exportadas mais garrafas (+1,2%), estas foram-no a um preço médio mais elevado (+1,6%). Com isto, colaborou para o acréscimo na quantidade exportada das categorias especiais, com resultados iguais a 2017 (ano com melhor quota registada).  É importante referir que faz parte dos vinhos rotulados com Denominação de Origem Protegida (DOP), que protege os produtos cuja produção, elaboração e transformação ocorrem numa certa região, com um saber-fazer reconhecido e verificado.

Existem vários instrumentos de apoio à internacionalização deste setor, mas na minha opinião os mais relevantes são: a criação de apoios específicos orientados; criação de um mecanismo de apoios financeiros para a internacionalização, com maior facilidade de acesso a financiamentos bancários e a financiamentos intercalares; tentar garantir a extensão dos apoios aos planos de ação por país para mais de cinco anos.

Desta forma, apesar dos excelentes resultados obtidos até agora, é importante que a indústria do vinho continue a preocupar-se em apostar em três pilares fundamentais: competitividade, diferenciação e qualidade. Deve assim investir em novos mercados, em modernizar as empresas e requalificar as diversas quintas dos mais prestigiados vinhos portugueses. No caso do vinho do Porto, fundamentalmente, importa pensar que o futuro passa por tentar rejuvenescer o leque de consumidores e demonstrar que pode ser um vinho para todos os momentos e ocasiões. Penso que se deveria cada vez mais apostar na divulgação da sua versatilidade e tentar aumentar ainda mais as quotas de mercado nos diversos países importadores.

É importante acreditarmos na qualidade dos nossos produtos e assim dar a conhecer ao exterior um pouco do que nos completa e faz deste Portugal um país cheio de “coisas boas”.  

 

Ana Torres

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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