quarta-feira, 25 de novembro de 2020

A CPLP como fator de afirmação de Portugal

 Na visão portuguesa, o sucesso da CPLP(Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) é proveniente da existência de planos, estratégias e ações com vista a atingir metas conjuntas. É um dos objetivos da sua política externa e pode ajudar a perceber qual a posição de Portugal no mundo e no Sistema Internacional.

Uma política externa de sucesso procura um aumento da projeção estratégica e do exercício da influência, sendo resultado da mistura de uma boa capacidade do país se relacionar no panorama internacional, não só com países mas também com organizações, e de conseguir ser superior na questão de aproveitar as oportunidades, que podem ser mais ou menos, dependendo da aptidão político-diplomática e negocial.

Para ser possível uma maior participação internacional portuguesa, é necessária uma maior formação dos recursos humanos, nos vários setores da interação externa e, também, a união nacional relativamente aos assuntos da agenda externa e da defesa nacional, refletida na firmeza e harmonia na tomada de decisões das instituições e do governo. A valorização dos seus parceiros dará maior força a Portugal, que se fará sentir numa maior integração internacional, nos domínios da representação e da negociação, sendo importante tratarmos da nossa imagem para o exterior e cuidar da imagem interna da mesma forma.

A defesa dos interesses portugueses prende-se, a nível internacional, com a procura da inserção num Sistema Internacional cada vez mais globalizado e com a procura de expandir o seu poder patente nas ligações culturais, históricas e linguísticas, para além das suas fronteiras, com os seus parceiros a nível internacional.

Tendo em conta a pouca força da economia portuguesa e a crescente influência nos caminhos a seguir pela organização de países como Angola e Brasil, é requerido a Portugal que se adapte de forma a não perder a sua importância dentro da mesma, sendo necessária a tentativa do governo português de continuar a dar atenção à cooperação, procurar ganhar peso no panorama internacional, tentando, desta forma, revelar-se como um ator relevante na Comunidade.

Portugal poderia beneficiar de uma aliança mais comprometida com o Brasil, procurando reaproximar o país da CPLP e demonstrando-lhe quais as vantagens que pode retirar daí, ao nível da cooperação político-diplomática e económica. Deve apoiar também as intenções brasileiras fora da CPLP, tentando ajudar à nomeação do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que seria um passo enorme no sentido de elevar a Comunidade a um patamar nunca antes atingido. Portugal já iniciou esse processo de aproximação com a assinatura do Tratado de Consulta, Cooperação e Amizade, em 2000, resultando no crescimento no que toca às relações bilaterais entre estes dois países, particularmente, a nível económico, tornando o Brasil num dos principais locais de proveniência de produtos importados por Portugal.

Como foi dito, o comprometimento da política externa portuguesa no desenvolvimento das suas relações com os países com quem partilha ligações linguísticas, históricas e culturais, tem como interesse próprio uma maior afirmação e projeção internacional rápida e duradoura. Um outro fator para isso poderia basear-se numa maior inserção económica da CPLP, através de uma maior liberalização do comércio entre membros e a livre circulação de pessoas, à semelhança do que Portugal acordou no espaço Schengen, conferindo-lhe capacidade para liderar algo semelhante na comunidade lusófona. Outra forma de projeção da sua política externa seria o governo procurar fazer uso da sua relação próxima com as regiões onde existam comunidades lusófonas, tornando-se um importante elo de ligação entre a União Europeia, África e o Brasil.

Tendo isto dito, Portugal necessitará de mostrar a esses países, mesmo com todas as feridas que da guerra colonial advieram, que, com o concretizar das suas políticas externas, através da cooperação, todos os envolvidos sairiam beneficiados.

 

Diogo Martins

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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