segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A automatização: o futuro dos nossos empregos

Como sabemos, as novas tecnologias estão em constante aparecimento e crescimento. A inovação científica permitiu que o Homem fosse vindo a ter, ao longo da sua existência, uma vida cada vez mais “facilitada” e com maior qualidade. Isto acontece, pois, ao longo dos anos a estrutura produtiva foi-se adaptando e inovando, reconfigurando os dois fatores de produção: o capital (com a introdução e melhoria das máquinas e equipamentos); e o trabalho (com uma mão de obra melhor qualificada e melhor organizada e estruturada).

Mas qual será o impacte dos robôs nos nossos empregos? Serão capazes de substituir o Homem, enquanto trabalhador, trazendo o “desemprego tecnológico”? Para responder a esta questão, temos de recorrer a bastantes estudos. O primeiro vem da consultora Mckinsey e é denominado “Jobs lost, jobs gained: What the future of work will mean for jobs, skills and wages”, que afirma que o nível de disrupção que a Inteligência Artificial pode trazer à sociedade atual é 10 vezes mais acelerada e 300 vezes mais rápida do que aquela provocada pela Revolução Industrial. O mesmo relatório avança com números mais impactantes, prevendo que 800 milhões de trabalhadores em 46 países poderão perder o seu emprego para uma máquina ou um robô, até 2030.

A verdade é que de momento, a densidade robótica (número de robôs por 100 mil trabalhadores) é maior na região asiática, destacando-se Singapura, com 918 robôs por 100 mil trabalhadores. Pela Europa, de destacar que os países com maior capacidade produtiva e mais avançados na industrialização (Alemanha, Suécia, Dinamarca) são obviamente os que apresentam uma densidade maior, e muito acima da média europeia, de 114 (Dados presentes na figura abaixo, da Federação Internacional de Robótica, 2019).

É oportuno olhar também para a história, analisando o impacte que teve a Revolução Industrial. Um estudo da instituição NBER (National Bureau of Economic Research), intitulado de “Technical Change and the Relative Demand for Skilled Labor: The United States in Historical Perspective”, concluiu que os trabalhadores mais qualificados acabaram por sair beneficiados com a industrialização. Apesar de termos visto o desaparecimento de artesãos (trabalhadores qualificados), foram-se criando novos postos de trabalho para funções mais sofisticadas fora da linha de produção, o que conduziu a um aumento do emprego qualificado. Isto contribuiu para a criação da “classe média” nos EUA e noutros países.

Olhando agora para o futuro, é pertinente falar do estudo “The Future of Employment: How Susceptible Are Jobs to Computerisation?”, da Universidade de Oxford. Este aponta para que 47% dos empregos nos EUA estejam em risco de serem extintos nas duas próximas décadas. O estudo tem uma premissa simples: se um robô conseguir automatizar a rotina de um posto de trabalho que é atualmente ocupado por um ser humano, esse trabalho pode ser realizado então pelo robô. Podemos assim dizer que os empregos que mais dependem de uma rotina rígida e repetitiva, nomeadamente na área dos serviços e vendas e construção/reparação/manutenção, são os que estão em maior perigo, tal como indica a figura em baixo.

Assim sendo, os empregos que correm menor risco de automatização serão aqueles que mais exigem um raciocínio criativo para a sua realização, fugindo a uma atividade rotineira e repetitiva. Mas também estão para já a salvo aqueles que dependem de capacidades de relacionamento social e emocional, atributos que ainda não são dominados por robôs. Contudo, é importante ressalvar que a análise não pode ser feita tendo apenas em conta empregos existentes de momento. Alguns empregos vão-se perder com a automatização, enquanto outros manter-se-ão, mas surgirão muitos outros empregos, muitos deles ainda não existentes, graças a estes robôs. Por isso, o saldo tenderá a ser positivo.

Pode-se concluir que a automatização é algo que irá continuar pois é essa a vontade do ser humano, tornando a sociedade mais eficiente e produtiva. Logo, não estaremos condenados ao desemprego, pois o processo de criação de emprego deverá ultrapassar o de destruição. O trabalhador do futuro terá de ser capaz de se adaptar, tal como foi fazendo ao longo da história. Sem humanos é que não haverá robôs.

 

João Pedro Ferreira 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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