quarta-feira, 24 de novembro de 2021

O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO PORTUGUESA

Sendo um tema que muitas vezes tem sido esquecido, por assim dizer, começa a tornar-se um assunto cada vez mais preocupante e medidas terão de ser tomadas para contrariar o rumo que se está a criar.

Existem várias razões que explicam o envelhecimento da nossa população, nomeadamente:  melhoria dos cuidados de saúde; a enorme queda da mortalidade em idade precoce e a partir do momento que uma pessoa atinge os 65 anos vive mais tempo (aumento da esperança média de vida, que também pode ser explicada pelas melhorias que houveram na saúde); diminuição da fecundidade - em 1960, a média de filhos de uma mulher na idade fértil era de 3,2, em 1985 atingiu 2, o que é abaixo do limite de 2,1 que é o valor a partir do qual existe uma diminuição da população, e em 2015 era de apenas 1,3; e, por fim, um aumento de emigrantes, que por norma são pessoas em idade ativa, em que se estima que mais de 2 milhões emigraram e apenas 1,2 milhões imigraram.

Em Portugal de 1960, os idosos ocupavam apenas 12% da população total e o país encontrava-se em vigésimo terceiro no ranking de países mais idosos. Em 2015, os idosos já correspondiam a 21% da população e o ranking agora era terceiro. Estudos estimam que, em 2080, estes ocupem 37% da população total. O que torna o envelhecimento da população um problema tão alarmante são vários motivos, entres os quais: dificuldade de pessoas de idade mais avançada ainda em atividade arranjarem empregos, com muitas empresas a dar preferência a pessoas mais jovens; dificuldades dos mesmos em adaptarem-se às mudanças mais recentes, com os empregos a requisitarem cada vez mais capacidade de falar inglês e outras línguas, e avontade com as novas tecnologias... uma capacidade que é de maior facilidade para pessoas mais jovens; também o nosso sistema de segurança social pode vacilar.

Sabemos que a população ativa é que sustenta os apoios sociais dos reformados, no entanto, com os idosos a ocuparem uma percentagem cada vez maior da população total, pode-se chegar a um ponto em que a população ativa não consiga cobrir todas as despesas, criando um grande problema económico; e a nível de saúde esta faixa etária também requer uma maior monitorização, necessidades mais complexas com cuidados integrados, pessoal treinado e estruturas de apoio a longo-prazo.

Algumas medidas que podem ser tomadas para combater o envelhecimento, para que se evitem desaires económicos e sociais, são as seguintes: implementação de políticas publicas dirigidas às áreas sociais e de saúde, com especial atenção ao grupo de idosos mais vulneráveis e com maior nível de dependência e se garanta a sustentabilidade financeira a médio e longo prazos do sistema de segurança social; descentralizar os prestadores de serviços sociais, com reforço das instituições locais, se possível com o apoio das autarquias locais, potenciando os escassos recursos afetos ao apoio às família e ao combate à pobreza; adoção pelo Estado de ações que promovam um adequado planeamento, afetação e racionalização dos recursos envolvidos, procurando um aumento da eficácia das respostas sociais dos portugueses; criação de estímulos ao envelhecimento ativo recorrendo à participação da população mais idosa na continuação voluntária da sua vida ativa; promoção da natalidade e do apoio à família via fiscal; prosseguir políticas de crescimento económico e criação de empregos, permitindo assim aos jovens assentarem no mercado de trabalho nacional.

Em suma, este combate é um processo longo e demorado. Daí, ser cada vez mais urgente começar a tomar certas medidas antes que seja tarde demais, de modo a evitar um desastre económico ou, mesmo, social.

 

HUGO FARIA

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]   

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