sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Portugal de Portas Fechadas

Estes últimos anos foram marcados pela pandemia da SARS-COV2, tendo sido em março de 2020 que se registaram as primeiras mortes associadas ao vírus em Portugal. Depois de múltiplas quarentenas, proibições de entrada ou outras restrições de viagem para cidadãos ou viajantes recentes, os portugueses viram-se restringidos a passar as suas tão esperadas férias no perímetro reduzido deste retângulo a sul da Europa a que chamamos “casa” (e anexos).

Portugal, como tantos outros países europeus, foi fortemente afetado a nível económico pela pandemia, sendo o setor do turismo um dos principais mártires. Por um lado, as medidas de combate à pandemia obrigaram ao encerramento temporário de alguns estabelecimentos. Por outro, ao longo deste período pandémico, foram aplicadas diversas restrições à mobilidade, perdendo parte da afluência estrangeira aos grandes destinos de férias.

A balança de viagens e turismo teve em setembro um saldo de 847 milhões de euros, acima dos 498 milhões de euros de período homólogo de 2020, mas abaixo dos 1.519 milhões de euros de 2019. Estima-se que em 2020 o número de chegadas a Portugal de turistas não residentes tenha atingido 6,5 milhões, correspondendo a uma diminuição de 73,7% face a 2019 (crescimento de 7,9% em 2019), sendo que as dormidas do mercado interno (turistas nacionais) atingiram 10,8 milhões, a representar 51,4% do total das dormidas neste segmento.

A hotelaria concentrou cerca de 30,3% do total de estabelecimentos e 76,9% da capacidade-camas no contexto dos estabelecimentos de alojamento turístico. Nos meses compreendidos entre Julho e Setembro, registaram-se proveitos totais de 79,9 milhões de euros, 5% acima das receitas desses mesmos três meses em 2019.

A procura turística dos destinos no interior do país tem crescido a um ritmo acelerado, resultado de um contexto em que os turistas optam por zonas menos populosas. O impacte deste fenómeno já é notório: hoje, o Alentejo tem uma representatividade quase duas vezes superior à que tinha em 2019, enquanto a Área Metropolitana de Lisboa é a região mais penalizada pela pandemia.

Segundo os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, no ano passado, o Alentejo foi a região que registou maior proveito médio por dormida e a que apresentou maior crescimento deste indicador (+8,6%). Tanto no caso do Alentejo como no caso da Madeira a recuperação está a ser conduzida com menos dormidas de turistas, ou seja, há menos visitantes mas que gastam mais dinheiro.

A pandemia de covid-19 provocou, até agora, pelo menos, 5.122.675 mortos resultantes de mais de 254,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são o Brasil, com 611.851 mortes e 21.977.661 casos, a Índia com 34.478.517 casos, o México e a Rússia.

No entanto, apesar do aumento de novos casos diários no último mês, prevê-se que o número de casos de contágio regresse ao seu ritmo decrescente com o crescimento da taxa de vacinação, assim como graças ao Plano de Ação “Reativar o Turismo | Construir o Futuro”.

Este projeto apresentado por Pedro Siza Vieira, Ministro da Economia e Transição Digital, conta com uma série de guias orientadoras com o objetivo de incentivar a retoma do setor do turismo nacional, através de uma verba de seis mil milhões de euros, assente em quatro pilares basilares: Apoiar as empresas, Fomentar a segurança, Gerar negócio e, por fim, Construir futuro.

Assim, com todos os dados de crescimento registados, acredito que Portugal tem as bases para poder recuperar desta crise turística e podemos esperar que em 2022, com o aumento das taxas de vacinação contra a covid-19 e o reforço contínuo da prevenção da epidemia, haja um relaxamento ordenado das restrições de viagens e, com isso, uma recuperação gradual da indústria do turismo e da economia em geral.

 

Vera Silva Barros

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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