segunda-feira, 15 de novembro de 2021

As alterações climáticas: Uma problemática ainda por decifrar

As alterações climáticas são uma das maiores ameaças ao desenvolvimento sustentável dos países, prejudicando não só os equilíbrios naturais como também a segurança da população. As principais causas das alterações climáticas centram-se no aumento da concentração de gases emitidos pela atividade humana, que interferem com os padrões normais de troca de energia entre a Terra e o espaço, fenómeno a que chamamos “efeito de estufa” (GEE).

As emissões de gases originadoras do aquecimento global e, consequentemente, das alterações climáticas, começaram a aumentar em Portugal desde 1990. Em 2005, confirmou-se uma ligeira redução devido ao surgimento de várias fontes renováveis. Contudo, com o amenizar da crise, em 2014/2015, voltaram a aumentar, atingindo o pico em 2018, com um total de emissões de 81,2 Mt CO2. Em 2019, as emissões registadas já apresentaram uma trajetória de cumprimento das metas nacionais e europeias de redução de emissões para 2020 e 2030.

Os setores da energia e transportes revelam-se o maior contribuinte para a emissão de GEE, representando cerca de 70% das emissões. Embora as indústrias energéticas sejam dos subsetores mais responsáveis, tem-se verificado uma queda acentuada das emissões, resultante da substituição das energias fósseis pelas energias renováveis. Por outro lado, os setores que menos contribuem – agricultura e resíduos – demonstram uma tendência crescente no que diz respeito à emissão de GEE, o que se explica pelo aumento da população de bovinos, ovinos e aves.

O grande debate climático centra-se, hoje, não só na definição de novas metas de redução da emissão de gases com efeito de estufa mas, também, nas ações de mitigação e adaptação às alterações climáticas. Assim sendo, considero que a Educação Ambiental representa um papel imprescindível para a resolução deste problema. Claro está que as alterações climáticas não são novidade para a maioria da população mundial, contudo é de salientar a importância da consciencialização desta grave adversidade. Considero, ainda, que não basta apenas ter conhecimento, mas também saber como agir. É necessário que os hábitos e os comportamentos das pessoas mudem se queremos que o rumo do planeta mude.

As repercussões das alterações climáticas podem ser sentidas na produtividade da população, na produção (principalmente na agricultura), na qualidade de vida, na saúde, nas condições económicas, entre outros. Se a sociedade não começar já a abrandar as emissões e a trabalhar na adaptação, os custos serão excessivamente dispendiosos. É estimado que os impactes causados pelas alterações climáticas poderão levar mais de 100 milhões de pessoas à pobreza até 2030.

Ora, na minha opinião, a iniciativa para a mudança pode começar em casa, com simples metas como reduzir o consumo de eletricidade, evitar carro sempre que possível, investir em energias verdes (tais como o caso dos painéis fotovoltaicos), aplicar a regra dos três R’s, e reduzir o consumo de carnes bovinas.

A UE vinculou, em 2021, o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050 e estabeleceu uma meta intermédia de redução das emissões de 55% em 2030, relativamente a 1990. Apesar de ser um objetivo muito ambicioso e que terá profundos impactes a nível socioeconómico, é crucial para a UE cumprir aquilo que estipulou no Acordo de Paris. Para além disso, surgem cada vez mais estudos que demonstram que as medidas destinadas a combater o aquecimento global são uma excelente oportunidade para garantir o desenvolvimento sustentável e impulsionar o crescimento económico. A Comissão Mundial sobre a Economia e o Clima explicou, num relatório de 2018, que a adoção de metas de ação climática pode levar a um lucro económico de 26 bilhões de dólares até 2030, tal como 65 milhões de novos empregos.

Embora Portugal tenha concordado com estas metas, acredito que, para um país tão dependente de combustíveis fósseis, não será nada fácil substituir os veículos automóveis por veículos elétricos. Creio que ainda há um longo e doloroso caminho a percorrer, porém não impossível. As medidas estipuladas em praticamente todos os setores da economia são muito exigentes, o que transfere um gigantesco peso para as costas do Governo, uma vez que é ele o responsável pelo cumprimento das mesmas. No entanto, não deve ser só o Estado a intervir nesta mudança. Cabe à população colaborar com as práticas e estratégias, para que seja possível tornar sustentável a ação do ser humano e atenuar os impactes resultante de toda esta catástrofe.


Margarida Pinto

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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