sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Web Summit: será que os resultados compensam o investimento?

Em 2016, Lisboa tornou-se palco do maior congresso de empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa. A Web Summit é um evento que se centra na tecnologia da internet e possibilita o encontro de várias start-ups, líderes empresarias e investidores de topo. No entanto, toda a gente interessada é convidada a assistir às várias conferencias e explorar os diferentes expositores com as mais recentes inovações.

O evento será realizado em Lisboa até 2028, uma vez que, em 2018, o CEO, Paddy Cosgrave, assinou um contrato de 10 anos, devido, principalmente, ao compromisso entre o Governo português e o Município de Lisboa de um financiamento de 11 milhões de euros por ano e um aumento do espaço.

Portanto, Portugal investe bastante dinheiro todos os anos em infraestruturas e logística para que seja possível a realização deste evento, esperando retornos bastante elevados em troca. Por enquanto (pelo menos nas edições realizadas até 2019), o evento não conseguiu atingir os valores desejados, mas estes vão aumentando ao longo dos anos, como consequência do crescimento do número de participantes. Se tomarmos como exemplo 2019, a expectativa do VAB era de 124,3 milhões de euros e 58,4 milhões de euros de receita fiscal, porém, os valores obtidos foram, respetivamente, 69,8 e 29,7 milhões de euros. Igualmente, a criação de empregos e as despesas com o evento também foram menores que as previstas. É de notar, contudo, que não se pode ter em atenção apenas os valores obtidos nos 4 dias de evento, uma vez que este origina, também, uma influência futura, direta e indireta, muito positiva na economia do país.

 Um dos grandes benefícios deste acontecimento é a abertura do país, mais precisamente Lisboa, ao mundo, como capital tecnológica, tornando-a um íman para investidores e start-ups do estrangeiro. Apesar deste não estar diretamente relacionado com os investimentos, muitas multinacionais, que têm investido em Portugal nos últimos tempos, falam favoravelmente da Web Summit e dos seus impactes. Do ponto de vista das start-ups nacionais, estas ganham uma grande visibilidade e a possibilidade de fazer networking com potenciais clientes, captando apoio financeiro mais facilmente.

Tendo em conta tudo o que foi referido anteriormente, o Ministro de Estado e da Economia indica que o impacte da Web Summit na economia é bastante positivo e compensa o investimento português realizado na cimeira. O referido é totalmente verdade, uma vez que este evento possibilita uma maior visibilidade ao país no estrangeiro e evidencia os nossos recursos e capacidades, assim como as apostas que estão a ser feitas no desenvolvimento e inovação no ramo das tecnologias, ou seja, a Web Summit atua como meio de publicitação para o país.

Deste modo, gostava só de sublinhar que não podemos ter apenas em consideração as notícias sobre o impacte económico abaixo do previsto pelo Governo para decidirmos se a Web Summit é benéfica para Portugal, uma vez que, para mim, só sentiremos o seu verdadeiro impacte no futuro e não no presente. Com isto, devíamos aproveitar a oportunidade que nos foi dada para adotar uma atitude mais pró-ativa, na obtenção de investimento, e potenciando práticas mais inovadoras.

 

Bárbara Labajos 

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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