sábado, 27 de novembro de 2021

O DESEMPREGO NOS EUA - O IMPACTE DA COVID-19 NAS MINORIAS

        O desemprego é um problema que afeta gravemente toda a população, direta ou indiretamente. É um indicador de que os recursos produtivos da Economia não estão otimizados. Isto significa que são produzidos menos bens e serviços do que seria possível dados os recursos e a tecnologia existentes. Isto reflete-se no bem-estar das gerações presentes e futuras. A parte da população que tem um emprego suporta os custos do desemprego, direta e indiretamente. Ao mesmo tempo, uma taxa de desemprego mais elevada conduzirá a uma taxa de subsídio mais elevada e consequentemente a um aumento do nível de tensão social.

Em relação à realidade sentida no último ano, a fim de abrandar a propagação da covid-19, os governos impuseram restrições que na sua maioria levaram ao encerramento de empresas e ao despedimento de trabalhadores em empregos e indústrias considerados não essenciais e, consequentemente, reduziram drasticamente a procura de outras empresas, criando um efeito “bola de neve”. Em apenas um mês de isolamento social, o mercado de trabalho numa das maiores economias do mundo sofreu uma dizimação como nunca antes visto. A economia americana mergulhou profundamente na crise no mês de Abril de 2020, perdendo 20,5 milhões de empregos, uma vez que a taxa de desemprego atingiu 14,7%, a mais alta desde a Grande Depressão.

       Fig.1- perda de 20,5 milhões de empregos em Abril


Os relatórios mensais do Departamento do Trabalho dos EUA forneceram uma imagem ainda mais clara da amplitude e profundidade dos prejuízos económicos, e da rapidez com que a crise se alastrou, à medida que a pandemia do coronavírus arrasava o país. Áreas como o lazer e a hospitalidade tiveram as maiores perdas em Abril de 2020, mas mesmo os serviços de saúde perderam mais de um milhão de postos de trabalho.

O que é menos comentado é que estes efeitos estão a ser sentidos de forma distinta, especialmente entre grupos economicamente desfavorecidos e minorias, tais como afro-americanos, latinos, chineses e mulheres. Devido à poupança e riqueza limitadas, estes grupos são especialmente vulneráveis a choques económicos negativos, tais como os despedimentos de trabalhadores devidos à COVID-19.

A taxa de desemprego para hispânicos e latinos subiu para um recorde de 18,9%, os trabalhadores negros, latinos e asiáticos foram confrontados com taxas de desemprego mais elevadas do que os seus homólogos caucasianos. Os trabalhadores com salários mais baixos, incluindo mulheres e membros de minorias raciais e étnicas, foram especialmente atingidos por esta vasta crise de desemprego. A disparidade é explicada em parte pelos tipos de empregos que foram suprimidos pela pandemia. Os empregos no sector dos serviços, tais como restaurantes, hotéis, limpeza e cuidados de saúde, são tradicionalmente ocupados por mulheres ou minorias, pelo que existiu neste grupo um número mais elevado de desempregados do que nos homens caucasianos.

                Fig.2-Taxa de desemprego para Hispânicos e Latinos 

Neste momento, não existe nenhum lugar seguro no mercado de trabalho. A escala da perda de postos de trabalho só em Abril de 2020 excedeu largamente os 8,7 milhões perdidos na última recessão, quando o desemprego atingiu 10% em Outubro de 2009. À medida que novos lockdowns foram decorrendo, o desemprego continuou a aumentar incluindo mais posições profissionais, pessoas com salários mais elevados, como indicam estudos.

               Fig.3-Taxa de desemprego para mulheres e homens acima dos 20 anos de idade


Embora a pandemia tenha esmagado economias em todo o mundo, a perda de empregos afeta os EUA mais do que a maioria dos outros países desenvolvidos. Isto acontece porque cerca de 160 milhões de norte-americanos recebem o seu seguro de saúde através dos empregadores e, sem emprego, podem enfrentar prémios mensais elevados ou perder completamente a sua cobertura de seguro, o que pode exacerbar o impacte económico e da saúde pública.


Maria Helena Mendes

(Dados extraídos do U.S DEPARTMENT OF LABOR - “https://www.dol.gov.”)

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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