sábado, 13 de novembro de 2021

O Setor do Turismo após a Pandemia

         É do conhecimento geral que o turismo em Portugal é um dos setores que contribui significativamente para o PIB, estimulando o crescimento e desenvolvimento económicos.  Consequentemente, devido à crise pandémica de Covid-19, era de esperar uma quebra acentuada neste mesmo setor, repercutindo-se na posição económica nacional. A verdade é que se verificaram perdas superiores a 60 mil milhões de euros associadas ao setor turístico e quase 600 mil postos de trabalho estiveram e estão em risco.

          Para contextualizar, na década de 2010, o turismo português estava no seu auge – em 2019, segundo alguns cálculos, o setor representava aproximadamente 16,2% do PIB nacional (o que se traduz num valor de cerca de 35 mil milhões de euros). Contudo, segundo as estatísticas disponibilizadas pelo INE em 2020, foi previsto um decréscimo de 25% associado à atividade turística interna bem como de visitantes não residentes, conduzindo a uma diminuição de 2,9% do PIB anual português - resultado exclusivamente da crise pandémica. Daqui concluo que a reestruturação e reinvenção deste setor é definitivamente essencial à recuperação e crescimento da economia pós-pandemia em Portugal.

          Desviando a atenção para o momento atual (onde as restrições relativamente ao Covid-19 parecem estar a desaparecer – situação bastante favorável ao setor), o governo português estimou, no início de 2021, um crescimento caraterizado por receitas à volta dos 9,3 mil milhões de euros (e, num cenário de esperança, um valor de quase 14 mil milhões em 2022).

          Em concordância com o “Plano de Aceleração do Turismo”, divulgado em finais de maio de 2021 (e aplicado a partir de junho), Portugal vai disponibilizar um valor superior a 6 000 milhões de euros com vista à revitalização do setor turístico, apostando assim na diversificação em benefício dos destinos do interior. Como consequência, será possível voltar a atingir níveis turísticos semelhante a 2019 já em 2023. Ora, este plano visa reduzir a sazonalidade do setor, assegurando um turismo “de todo o ano”, tendo por base um modelo sustentável.

          Olhando para a estratégia utilizada na recuperação do Turismo (nacional e internacional), acho essencial reforçar a importância dada ao investimento no turismo nacional, de forma a tornar os destinos portugueses mais atrativos, não só para os turistas estrangeiros, mas também para os próprios portugueses – “Quanto mais naturalmente atrativo um destino for, maior é a probabilidade de atrair turismo doméstico a um ritmo que poderia compensar a perda no turismo internacional” (Santo, Caballero, Constantin, Köpke, Binggeli, 2021). A exploração das oportunidades turísticas bem como o incentivo e apoio aos negócios locais/regionais permitirá, a meu ver, solidificar a atividade e cultura turística em Portugal, o que se alinha com o pensamento acima apresentado – fazer com que o turismo deixe de ser, maioritariamente, uma atividade sazonal.

          No contexto do plano acima mencionado, considero que é possível realçar 3 principais focos para uma rápida e sustentável recuperação do Turismo: conservação, preservação da capacidade produtiva e proteção do emprego. Neste sentido, as empresas deverão adotar como prioridade a competitividade por meio da digitalização, criando condições para a coordenação de esforços privados, promovendo, paralelamente, uma requalificação dos profissionais do setor turístico (de forma aos mesmos serem capazes de se adaptar ao contexto pós-pandemia). Desta forma, o estímulo ao Turismo, a nível nacional, irá potenciar a preservação e eventual criação de novos postos de trabalho, contribuindo para a aceleração do crescimento económico português, no pós-pandemia. Do mesmo modo, a união de esforços centrados na melhoria da imagem externa de Portugal enquanto destino turístico, farão com que o nosso país “rapidamente” volte a atingir os valores bastante positivos que caraterizavam a nossa economia, até 2019.

 

Francisca Maria Soares Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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