quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Covid-19: medidas de contenção e impacto global

A pandemia covid-19 provocou a maior crise da era atual, pondo em causa a vida de milhares de pessoas com planos e objetivos. Não houve governos, empresas, famílias que não tenham sofrido com as mudanças recentes após o contágio, e a vida social foi restringida, com medidas sanitárias, de forma a salvaguardar a vida dos cidadãos, que mais tarde irão implicar um custo elevado na vida dos cidadãos

Os governos partiram para ações de isolamento social, quarentena, bloqueio de fronteiras terrestres, aéreas e marítimas, impedimento de comércio e, em vários casos, inclusive de material sanitário, como uma forma de evitar o contágio geral, tentando impedir o colapso dos sistemas de saúde nacionais. Por um lado, a pandemia provocou de forma bastante rápida uma disrupção nas cadeias de abastecimento e de produção, afetando a capacidade produtiva de diversas empresas em vários ramos de atividade.

Em diversos casos não foi possível proceder a importações de bens intermédios e de matérias-primas de forma atempada. Por outro lado, a doença, o receio associado ao contágio, e a incerteza sobre o desfecho do fenómeno pandémico resultam numa enorme quebra de confiança, que induz a queda do investimento e do consumo privado.

Da China aos EUA, a falta completa de coordenação atrapalhou não apenas a luta contra o vírus mas produziu, também, um impacto enorme na economia mundial. O primeiro setor a sentir o peso da pandemia foi o de transporte aéreo de passageiros. Houve uma fortíssima redução do fluxo de passageiros, inicialmente de forma individual, sem a necessidade da ação de governo, guiada apenas pelo medo do contágio. Conjuntamente com a restrição de viagens veio o colapso do turismo internacional. O tamanho deste choque é determinado pelas medidas tomadas pelos governos para conter o contágio. Como já sabemos, o vírus é altamente contagioso, mas não é fatal, inevitavelmente.

Os Governos implementaram múltiplas medidas de forma a conter a dispersão do vírus por meio de restrições sociais. Vários países implementaram o lockdown e vários estudos comprovam que a dispersão do vírus foi reduzida de forma significativamente com esta medida. Porém, o impacto desta medida instigou a redução do crescimento da economia mundial, pois, travar a pandemia para salvaguardar a saúde pública implica a adoção de medidas de apoio à liquidez e políticas que possam reforçar a capacidade dos seus sistemas de saúde e prestar ajuda aos setores mais afetados pela pandemia.

Muitos discordam das medidas implementadas, reclamando que se deve salvaguardar a eficiência da economia, visto que a intervenção do governo implica redução da afetação ótimo dos recursos económico. No caso português, de acordo com dados preliminares do INE, "os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 10,5 milhões de hóspedes e 26,0 milhões de dormidas, -61,3% e -63,0%, respetivamente", face a 2019, ano em que se tinham registado subidas respetivas de 7,9% e 4,6%, e a taxa de desemprego subiu de 6,5% em 2019 para 6,8% em 2020.

A China conseguiu sair “quase ilesa” deste processo, ao ser capaz de restringir a contaminação na cidade de Wuhan, mas a maioria dos outros países não conseguiu. Há casos de sucesso importantes no controle da pandemia em regiões geográficas específicas, mas este não é o caso da grande maioria dos países, onde a covid-19 se espalhou rapidamente. Coreia do Sul, Japão e Taiwan, por serem países que já tinham sofrido com epidemias vindas da China, e por possuírem excelentes sistemas de saúde e uma população muito bem treinada para lidar com estes desastres naturais, foram capazes de controlar a disseminação da doença mas, mesmo assim, com alguma desorganização na economia

Todos os países do mundo sofrem com a paralisação da economia mundial. Aqueles mais dependentes do turismo sofrem mais pesadamente as consequências da pandemia. Os governos nacionais têm usado uma miríade de instrumentos fiscais e injeção de recursos para trabalhadores e empresas. A capacidade dos países de fazer frente à crise depende basicamente de três fatores: tamanho do PIB; situação fiscal; e estrutura da economia. Países com maiores PIBs, situação fiscal equilibrada e menos dependentes do comércio internacional e do turismo têm mais condições para superar a crise. Para vários países, especialmente os da América Latina, há forte possibilidade da crise se estender por vários anos.

 

Tito Correia

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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